A descendência de Israel tinha grandes privilégios mesmo antes da vinda de Cristo. Deus havia prometido por pacto que eles deveriam ter aqueles privilégios; e eles os desfrutaram. Tinham uma revelação e uma luz divina, enquanto todo o resto do mundo se assentava em trevas pagãs. Ainda assim tantos judeus não creram, que, como um todo, a nação perdeu a bênção prometida. Uma grande multidão deles apenas viu os símbolos externos, e nunca entendeu seu significado espiritual. Viveram e morreram sem a bênção prometida aos seus pais. Isto fez o pacto de Deus ser vão? Isto fez a fidelidade de Deus ser uma questão de dúvida? "Não, não," diz Paulo, "se alguns não creram, e assim não ganharam a bênção, isto foi sua própria culpa; mas o pacto de Deus permaneceu firme, e não mudou porque os homens foram infiéis." Ele permaneceu tão verdadeiro como sempre; e será capaz de justificar tudo que disse, e tudo que fez, e o fará até o fim. Quando o grande drama da história humana tiver sido representado, o resultado líquido será que os caminhos de Deus serão vindicados não obstante toda incredulidade dos homens.
Vou falar de nosso texto, neste momento, primeiro, como nos dando um lembrete tristonho: "Pois quê? Se alguns não creram?" É triste ser lembrado de que sempre houve alguns que não creram. Em seguida, aqui está uma inferência horrível, que alguns tiraram deste fato penoso, isto é, porque alguns não creram, foi sugerido que sua incredulidade faria a fé de Deus ou a fidelidade de Deus sem efeito; ao que, em terceiro lugar, o apóstolo dá uma resposta indignada: "De modo nenhum; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado."
Bem agora, primeiro, temos aqui UM LEMBRETE TRISTONHO. Sempre houve alguns que não creram.
Quando Deus concebeu o grande plano de salvação pela graça; quando deu seu próprio Filho para morrer como o Substituto por homens culpados; quando proclamou que todo aquele que cresse em Jesus Cristo teria vida eterna; teriam pensado que todos ficariam contentes em ouvir tais boas novas, e que todos teriam se apressado a crer nelas. Cristo é tão adequado ao pecador. Por que o pecador não o aceita? O caminho da salvação é tão simples, tão adequado aos homens culpados, é totalmente tão glorioso, tão grandioso, que se não conhecêssemos a depravação do coração humano, deveríamos esperar que todo pecador de uma vez cresse no evangelho, e recebesse suas bênçãos. Mas, ai de mim, alguns não creram!
Agora, isto é declarado muito brandamente. O apóstolo diz: "Pois quê? Se alguns não creram?" Ele poderia ter dito: "E se muitos não creram?" Mas está falando aos seus amigos hebreus, e deseja cortejá-los; então declara o caso tão gentilmente quanto pode. Lembrem-se, caros amigos, as carcaças de todos exceto dois que saíram do Egito caíram no deserto através da incredulidade. Apenas Josué e Calebe entraram na terra prometida; mas o apóstolo não deseja pressionar indevidamente seu argumento, ou falar de modo a agravar seus ouvintes; e portanto põe: "Pois quê? Se alguns não creram?" Mesmo em seus próprios dias, poderia ter dito: "A massa da nação judaica rejeitou Cristo. Onde quer que eu vá, buscam minha vida. Eles me apedrejariam até a morte, se pudessem, porque prego o amor de um Salvador que morre;" mas não põe assim; apenas menciona que alguns não creram. Ainda isto é uma coisa muito aterradora, mesmo quando declarada tão brandamente. Se todos aqui, exceto uma pessoa, fossem crentes no Senhor Jesus Cristo, e fosse anunciado que aquele incrédulo seria apontado à congregação, estou certo de que todos nos sentiríamos numa condição muito solene. Mas, caros amigos, há muitos mais que um aqui que não creram no Filho de Deus, e que, portanto, não são salvos. Se os inconversos não fossem tão numerosos, há tanto mais necessidade de nossas lágrimas e nossa compaixão.
Os termos da pergunta de Paulo sugerem uma mitigação muito doce da tristeza. "E se alguns não creram?" Então está implícito que alguns creram. Glória seja a Deus, há um numeroso "alguns" que creram que Jesus é o Cristo; e crendo nele, encontraram vida através de seu nome! Estes entraram numa nova vida, e agora carregam um novo caráter, "sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre." Amados, agradecemos a Deus que a pregação do evangelho não foi em vão. Lá em cima, mais numerosos que as estrelas são aqueles que andam em vestes brancas que lavaram no sangue do Cordeiro; e aqui embaixo, apesar de nosso lamento, há uma companhia gloriosa, que ainda segue o Cordeiro, que é para eles sua única esperança.
Olhando para o outro lado do caso, é verdade que, às vezes, os "alguns" que não creram significavam a maioria. Deve ser admitido que, às vezes, incrédulos preponderaram mesmo entre os ouvintes da Palavra preciosa. Leiam a história de Israel, nos livros de Reis e Crônicas, e ficarão entristecidos ao descobrir como repetidas vezes não creram. A história de Israel, do momento em que se tornaram uma nação, é muito dolorosa. Está cheia da misericórdia de Deus; mas também está cheia da traição do coração humano. Nos dias dos juízes, o povo servia a Deus enquanto um bom juiz governava sobre eles; mas tão logo ele morria, desviavam-se após deuses falsos. Quase penso que a igreja cristã está no período dos juízes agora. Quando o Senhor levanta, aqui um e ali outro, para pregar sua Palavra fielmente, o povo parece dar atenção; mas quando os pregadores fiéis se vão, muitos de seus ouvintes se desviam novamente. Bendito seja Deus, esperamos a vinda do Rei em breve; e quando o Rei vier, e o período dos juízes tiver terminado, então entraremos num tempo de descanso e paz. Pode ser que, mesmo entre ouvintes do evangelho, aqueles que não creem preponderem sobre aqueles que creem. Meu texto soa como um dobre solene, e há algo terrivelmente terrível sobre ele, como o rumor profundo de trovão subterrâneo.
Agora, caros amigos, esta incredulidade usualmente tem sido o caso através de todas as eras entre os grandes da terra. Nos dias de nosso Salvador, eles disseram: "Creu nele, porventura, algum dos principais ou dos fariseus?" O evangelho usualmente teve curso livre entre os pobres e entre aqueles que alguns chamam "as classes baixas", embora por que são ditos ser mais baixos que outros, não sei, a menos que seja porque as coisas mais pesadas e mais valiosas geralmente afundam ao fundo. A igreja de Deus deve muito pouco a reis e príncipes e nobres. Ela deve muito mais a pescadores e camponeses. Jesus disse: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve." Suspeito que, até que o próprio Rei venha, ainda descobriremos que o povo comum ouvirá alegremente o evangelho; e que, embora Cristo o Senhor escolha para si alguns de todas as fileiras e condições de homens, ainda será verdade que "não muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres são chamados."
Penso que também podemos dizer, com profunda solenidade, que alguns que não creram pertenceram à classe religiosa e de ensino. Nos dias de nosso Senhor e seus apóstolos, os escribas e fariseus eram os maiores odiadores da doutrina de Cristo. Aqueles que vocês poderiam ter suposto, sendo mais familiares com as Escrituras, os escribas, logo teriam reconhecido o Messias, eram os homens que não o reconheceriam. Assim foi com os sacerdotes, mesmo os principais sacerdotes, os homens que tinham que fazer com os sacrifícios e com o templo. Eles rejeitaram Cristo, embora fossem os líderes religiosos do povo. Vocês supõem que é muito diferente agora? Ai de mim, meus amigos, podemos ser pregadores, e ainda não pregar o evangelho de Cristo; podemos ser membros da igreja, e ainda não conhecer salvificamente o evangelho; podemos entrar e sair da casa de Deus, e parecer tomar parte em seu santo serviço, e ainda, todo o tempo, podemos ser estranhos e estrangeiros na presença do Altíssimo. Crentes nem sempre são aqueles que vocês suporiam serem crentes. O Senhor frequentemente traz para si, como no caso do centurião, de quem lemos esta manhã, aqueles distantes, soldados rudes, que não eram pensados prováveis de sentir o poder de tal ensino gentil como a doutrina da cruz; e eles se curvam diante do Salvador. Mas ai! Ai! Entre aqueles que parecem ser os filhos do reino, criados na adoração de Deus, há alguns, sim, muitos, que não creram em Cristo; e, mais triste de tudo, mesmo entre aqueles que são mestres de outros nas coisas de Deus, há alguns que não creram salvificamente.
Agora, caros amigos, se tomarmos toda a extensão das nações favorecidas com o evangelho, teremos que dizer, e dizê-lo, como se fosse, em letras maiúsculas: "ALGUNS NÃO CREEM," e esse "alguns" é um número muito grande. A pergunta do apóstolo é: "E se alguns não creram?" Bem, se eu tivesse que fazer e responder essa pergunta, neste momento, diria: "E se alguns não creem?" Então estão perdidos. "Quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus." Ainda permanece, àqueles que ouvem o evangelho, a oportunidade de crer; e, crendo, encontrarão vida através do nome sagrado. Oremos por eles. Se alguns não creem, nós, que cremos, façamos deles o assunto constante de nossas orações; e então contemos-lhes o que deve ser crido, e demos nosso testemunho ao poder salvador do evangelho. Quando tivermos feito isso, cuidemos escrupulosamente que nossa vida e conduta sejam consistentes com a doutrina que ensinamos, de modo que, se alguns não creem, possam ser ganhos para Cristo pelo exemplo daqueles que creem nele. Oh, que todo cristão aqui buscasse trazer outra pessoa a Cristo! Rogo-lhes, amados, se provaram que o Senhor é gracioso, não sejam estéreis nem infrutíferos. Se conhecem o grande segredo, contem-no aos outros. Contem-no; contem-no; todos precisamos ser agitados para esta obra bendita; estou certo de que precisamos. Ouvi de um cristão que sempre falava sobre Cristo para, pelo menos, uma pessoa todo dia. Recomendo o exemplo para sua imitação. Quantos de nós poderiam dizer que fazemos isso? Sei que há alguns aqui que fazem dez vezes mais que isso. Tornou-se hábito com eles falar de Cristo a todos que encontram; mas não é o hábito mesmo de todos que creem. Leva alguns cristãos muito tempo para começar a dizer qualquer coisa por seu Senhor. Tentemos e trabalhemos duro, para que, se algumas pessoas não creem, possamos trazê-las ao Salvador, para que Deus tenha louvor delas também.
Mas agora avanço um passo além, e me detenho sobre UMA INFERÊNCIA HORRÍVEL tirada do fato de que alguns não creram. A inferência era que sua incredulidade havia tornado a fé de Deus, ou a fidelidade de Deus, totalmente sem efeito. Traduzirei o que Paulo disse sem me deter em suas palavras.
Alguns dirão: "Se Fulano e Sicrano não creem no evangelho, então a religião é um fracasso." Temos lido sobre muitas coisas sendo fracassos hoje em dia. Há pouco tempo, era uma questão se o casamento não era um fracasso. Suponho que, logo, comer nossos jantares será um fracasso, respirar será um fracasso, tudo será um fracasso. Mas agora o evangelho é dito ser um fracasso. Por quê? Porque certos cavalheiros de professa cultura e suposto conhecimento não creem nele. Bem, caros amigos, houve outras coisas que não foram cridas por indivíduos muito importantes, e ainda se revelaram verdadeiras. Não sou velho o suficiente para lembrar tudo que foi dito sobre a introdução da máquina a vapor, embora me lembre muito bem de ir ver uma máquina a vapor e um trem como grandes maravilhas quando era menino. Antes dos trens realmente correrem, todos os velhos cocheiros, e todos os fazendeiros que tinham cavalos para vender, não creriam por um momento que uma máquina pudesse ser feita para andar nos trilhos, e arrastar carruagens atrás dela; e no parlamento tiveram que dizer que pensavam poder produzir uma máquina que pudesse ir na velocidade de oito milhas por hora. Não ousavam dizer mais, porque seria incrível se fizessem. Segundo os homens sábios da época, tudo ia dar para o mal, e as máquinas explodiriam, na primeira vez que partissem com um trem. Mas não explodiram, e todos agora sorriem do que aqueles cavalheiros eruditos (pois alguns deles eram homens de posição e aprendizado) se aventuraram então a dizer.
Olhem para os cavalheiros que agora nos dizem que o evangelho é um fracasso. São os sucessores daqueles que se levantaram, um após o outro; cujo principal objetivo tem sido refutar tudo que foi antes deles. Eles se chamam filósofos; e, como tenho frequentemente dito, a história da filosofia é uma história de tolos, uma história da loucura humana. O homem foi de uma forma de filosofia a outra, e toda vez que alterou sua filosofia, apenas fez uma variação ligeira nas mesmas coisas. A filosofia é como um caleidoscópio. O filósofo o gira, e exclama que tem uma nova visão das coisas. Assim tem; mas tudo que vê são alguns pedaços de vidro, que alteram sua forma a cada virada do brinquedo. Se qualquer um de vocês viver cinquenta anos, verão que a filosofia de hoje será uma bola de futebol de desprezo para a filosofia daquele período. Falarão, em meio a rugidos de riso, de evolução; e virá o dia, quando não haverá criança que não olhe para ela como sendo a noção mais tola que jamais cruzou a mente humana. Não sou profeta, nem filho de profeta; mas sei o que aconteceu a muitas das grandes descobertas dos grandes filósofos do passado; e espero que a mesma coisa aconteça novamente. Tenho que dizer, com Paulo: "E se alguns não creram?" Não é coisa nova; pois sempre houve alguns que rejeitaram a revelação de Deus. E então? Vocês e eu é melhor continuarmos crendo, e testando por nós mesmos, e provando a fidelidade de Deus, e vivendo sobre Cristo nosso Senhor, mesmo que vejamos outro conjunto de duvidosos, e outro, e ainda outro ad infinitum. O evangelho não é fracasso, como muitos de nós sabemos.
Deve o evangelho ser descrido porque algumas pessoas não o receberão? Creio que não, caros amigos. Como já disse, muitas outras coisas foram cridas, embora algumas pessoas não tenham crido nelas; e os crentes levaram a melhor, e assim sempre levarão. O evangelho mudou seu caráter? O evangelho os renovou no espírito de sua mente? O evangelho os alegra e consola no dia da tristeza? Os ajuda a viver, e os ajudará a morrer? Então não o abandonem, mesmo que alguns não creiam nele.
Novamente, caros amigos, Deus falhou em guardar sua promessa a Israel porque alguns israelitas não creram? Esse é o ponto que Paulo visa, e a resposta é "Não." Ele trouxe Israel à terra prometida, embora todos exceto dois que saíram do Egito morressem no deserto. Ele deu aquela terra prometida a Israel, ainda que, através de sua incredulidade, Deus os ferisse, e fossem destruídos; ainda uma nação se levantou novamente de suas cinzas, e Deus guardou seu pacto com seu antigo povo; e hoje está guardando-o. A "descendência escolhida da raça de Israel" é "um remanescente, fraco e pequeno"; mas o dia vem quando serão ajuntados, e então nos regozijaremos; pois então será a plenitude dos gentios, também, quando Israel tiver vindo ao seu próprio Senhor e Rei. Deus não rejeitou seu povo, o qual antes conheceu; nem quebrou seu pacto feito com Abraão, nem quebrará enquanto o mundo durar, mesmo que muitos não creiam nele.
Deus falhará em guardar sua promessa a qualquer um que creia nele? Porque alguns não creem, a promessa de Deus, portanto, falhará em ser guardada àqueles que creem? Convido-os a vir e tentar. Quando dois dos discípulos de João perguntaram a Jesus onde morava, ele lhes disse: "Vinde, e vede." Se qualquer pessoa aqui tentar Cristo, como eu o tentei, quando ainda jovem, tão miserável quanto podia ser, e pronto para morrer com desespero, se sentirem ao crer tal alegria como senti, se experimentarem tal mudança de caráter como passou sobre mim quando cri em Cristo, não tolerariam uma dúvida. O que conheceram, e sentiram, e provaram, e manusearam da boa Palavra de Deus, lhes provará que, se alguns não creem, ainda Deus permanece fiel, ele nunca se negará. Um disse que cria na Bíblia porque estava familiarizado com o Autor dela, que é uma excelente razão para crer nela. Crerão no evangelho se estão assim familiarizados com o Salvador que traz aquele evangelho a nós. Negócios pessoais com Deus em Cristo, confiança pessoal no Salvador vivo, os porão fora do alcance desta inferência estranha de que Deus será infiel porque alguns não creem nele.
Vou um passo além. Deus será infiel ao seu Filho se alguns não creem? Tenho ouvido às vezes, um medo expresso de que Cristo perderá aqueles pelos quais morre. Agradeço a Deus que não tenho medo sobre isso. "Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito." Nunca venho a vocês, e, in forma pauperis, peço que aceitem Cristo, implorando e orando que tomem Cristo, porque senão ele será um perdedor por vocês. São vocês que devem implorar dele. Ele dá graça como um rei concede seus favores; não, mais, ele amorosamente condescende a rogá-los que venham a ele. Suponham que maliciosamente digam: "Não queremos que Cristo reine sobre nós." Se pensam que o roubarão de honra, e trarão desgraça sobre ele por sua rejeição, cometem um grande erro. Se não o querem, outros quererão. Se vocês que são tão sábios não querem Cristo, há abundância, que vocês julgam serem tolos, que o tomarão para ser sua "sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção." Se vocês que são tão alegres e frívolos não querem meu Senhor, morrerão em seus pecados; mas há outros que o terão. Não pensem que podem por qualquer possibilidade roubá-lo de sua glória. "Pois quê? Se alguns não creram?" Esta palavra ainda se tornará verdade: "Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre." Se miríades o rejeitam, haverá miríades que o receberão, e em todas as coisas ele terá a preeminência; e retornará ao seu Pai não derrotado, mas mais que vencedor sobre todos seus inimigos.
Para pôr a pergunta noutra forma: "Pois quê? Se alguns não creram?" Deus alterará sua verdade revelada? Se alguns não creem, Deus mudará o evangelho para adequá-los? Buscará agradar seu gosto depravado? Deveríamos mudar nossa pregação por causa do "espírito da era"? Nunca; a menos que seja para lutar contra "o espírito da era" mais desesperadamente que sempre. Não pedimos termos entre Cristo e seus inimigos exceto estes: rendição incondicional a ele. Ele não diminuirá um til ou vírgula de suas reivindicações; mas ainda virá a vocês, e dirá: "Sujeitai-vos; curvai-vos, e reconhecei-me Rei e Senhor, e tomai-me para ser vosso Salvador. Olhai para mim, e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro além de mim." Se esperarem até que haja uma versão revisada do evangelho, estarão perdidos. Se esperarem até que haja um evangelho trazido que não lhes custará tanto de abandonar o pecado, ou tanto de curvar seus pescoços orgulhosos, esperarão até se acharem no inferno. Venham, rogo-lhes, venham mesmo agora, e creiam no evangelho. Não pode ser alterado para seu gosto; portanto alterem-se para encontrar suas exigências.
Agora suponham que estes homens, que não crerão, deveriam todos se concertar para proclamar novas visões a fim de derrubar o evangelho. Vocês veem, até o presente tempo, nunca concordaram. Uma ala do exército de duvidosos de Satanás sempre destrói a outra. Exatamente agora os grandes cientistas dizem aos cavalheiros do pensamento moderno, e dizem a eles muito propriamente: "Se não há serpente, e nenhuma Eva, e nenhum Adão, e nenhum dilúvio, e nenhum Noé, e nenhum Abraão. Como vocês nos dizem agora que tudo isso é um mito, então todo seu velho Livro é mentira." Sou muito obrigado àqueles que falam assim aos discípulos da crítica superior. Eles pensaram que iam ter todos os cientistas do seu lado, para se juntarem a eles em atacar as ortodoxias antigas. Há uma rachadura no acampamento do inimigo; Amaleque está lutando com Edom, e Edom está contendendo contra Moabe.
Mas suponham que todos concordassem. Bem, o que aconteceria então? Pensei que vi uma visão uma vez, quando estava à beira do mar. Aos meus olhos fechados, pareceu vir à praia em Brighton um enorme cavalo negro, que entrou na água, e começou a beber; e pensei que ouvi uma voz que disse: "Beberá o mar até secar." Meu grande cavalo cresceu, e cresceu, até que foi tal criatura enorme que mal pude medi-la; e ainda bebia, e bebia, e bebia. Todo o tempo o mar não pareceu alterar nem um pouco, a água ainda estava ali tão profunda quanto sempre. Logo o animal explodiu, e seus restos foram lavados na praia, e ali jazia morto, morto por sua própria loucura. Esse será o fim deste grande cavalo negro da infidelidade que se gaba que vai beber este evangelho eterno.
Lembro-me de que Christmas Evans pôs esta verdade bastante rudemente numa ocasião. Disse: "Havia um cão no tapete da lareira, e havia uma chaleira de água fervendo no fogo. Como a chaleira ficava soprando vapor e água quente, o cão se sentou e rosnou. Quanto mais a chaleira continuava soprando, mais o cão rosnou; e finalmente agarrou a chaleira pela garganta, e é claro que a água fervendo o matou." Assim farão os incrédulos com o evangelho. Rosnam para ele hoje; mas se jamais se juntarem, e realmente fizerem um ataque sobre ele, o evangelho será cheiro de morte para morte àqueles que se opõem a ele, como é cheiro de vida àqueles que o recebem.
Assim mencionei esta inferência horrível.
Agora termino falando muito brevemente sobre UMA RESPOSTA INDIGNADA a esta inferência horrível.
Em resposta a esta pergunta: "A sua infidelidade aniquilará a fidelidade de Deus?" Paulo dá uma negativa solene: "De modo nenhum." Todos os oponentes do evangelho não podem movê-lo nem um fio de cabelo; não podem ferir uma única pedra desta construção divina. Permanece sempre o mesmo. Deixem-nos fazer o que puderem, não podem alterá-lo.
Então Paulo profere um protesto veemente: "Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso." Podem imaginar esta grande multidão? Aqui vêm, todos os homens que jamais viveram, milhões incontáveis! Vêm marchando; e ficamos como o general inspetor numa revista, e os vemos todos passar; e conforme cada homem passa, ele grita: "O evangelho não é verdadeiro. Cristo não morreu. Não há salvação para crentes nele." O apóstolo Paulo, ficando como que no ponto de saudar, e vendo toda a raça humana passar, diz: "Deus é verdadeiro, e cada um de vocês é mentiroso." "Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso." Vocês conhecem a maneira que temos de contar cabeças, e se a maioria vai numa direção particular, quase vamos naquela direção. Se contam as cabeças, e há um consenso geral de opinião, estão aptos a dizer: "Deve ser assim, pois todos dizem assim." Mas o que todos dizem não é portanto verdadeiro. "Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso." É uma expressão estranha, forte; mas não é forte demais. Se Deus diz uma coisa, e todo homem no mundo diz outra, Deus é verdadeiro, e todos os homens são falsos. Deus fala a verdade, e não pode mentir. Deus não pode mudar; sua palavra, como ele mesmo, é imutável. Devemos crer na verdade de Deus se mais ninguém crer nela. O consenso geral da opinião não é nada para um cristão. Ele crê na palavra de Deus, e pensa mais nela que na opinião universal dos homens.
Paulo em seguida usa um argumento escritural. Sempre que fica completamente em brasa, e quer um argumento avassalador, sempre vai ao tesouro divino da revelação. Cita o que Davi havia dito no quinquagésimo primeiro Salmo: "Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado."
Deus será justificado em tudo que disse. Vocês podem tomar cada linha da Palavra de Deus, e estar seguros de que Deus será justificado em ter dirigido o penman sagrado a escrever aquela linha.
Deus também será justificado quando julga, e quando condena homens. Quando pronunciar sua sentença final sobre os ímpios: "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos:" será justificado mesmo naquela hora terrível.
Uma expressão muito alarmante é usada aqui: "E venças quando fores julgado." Pensem neste mal enorme; aqui estão homens realmente tentando arrancar a balança e a vara da mão de Deus; e presumindo julgar seus juízos, e sentar como se fossem o deus de Deus. Suponham que pudessem ser ousados o suficiente para fazer mesmo isso, o veredicto seria em favor de Deus. Seria provado que ele nem disse nada falso, nem fez nada injusto. Estamos confiantes de que, embora alguns não creiam em Deus, ele será justificado diante de homens e anjos, e não teremos nada a fazer senão admirá-lo e adorá-lo mundo sem fim.
Agora, poderia dizer muito mais; mas não farei exceto apenas isto: quero que aqueles que são povo do Senhor sejam muito corajosos sobre as coisas de Deus. Houve demasiado ceder, e pedir desculpas, e comprometer. Não posso suportá-lo; aflige-me ver uma verdade após outra rendida ao inimigo. Um irmão me escreve, dizendo: "Você não põe tanta alegria em sua pregação como costumava fazer. Quando o capitão no mar assobia, então todos os marinheiros se sentem mais alegres." Meu amigo acrescenta: "Assobie um pouco." Farei isso. Esta é minha maneira de assobiar para alegrar meus companheiros de navio. Creio no Deus eterno, e em sua verdade imutável; e estou persuadido de que o evangelho ganhará o dia, por mais longo e severo que o conflito se enfureça. Portanto, meus irmãos, não se envergonhem do evangelho, nem de Cristo vosso Senhor, que morreu para que pudesse salvá-los eternamente. "Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos." Mesmo se chegasse a isto, que todo outro homem no mundo fosse contra a verdade de Deus, fiquem vocês com sua palavra, e digam: "Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso."
A outra palavra que tenho a dizer é uma mensagem aos não salvos. Se estão opostos a Deus, rogo-lhes que abandonem sua oposição de uma vez. A batalha não pode terminar bem para vocês a menos que se entreguem a Deus. Ele é vosso Criador e Preservador; todo argumento que podemos usar deveria convencê-los de que deveriam estar do seu lado. Rogo-lhes que lembrem que, para vocês contenderem com Deus, é para o mosquito contender com o fogo, ou a cera, lutar com a chama. Devem ser destruídos se vierem em colisão com ele. Então cedam a ele de uma vez. "Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira." O que é beijar o Filho? Ora, aceitar o Senhor Cristo como vosso Rei e Salvador. Pedir-lhe que seja vossa paz e vossa salvação. Peçam-lhe agora, antes que aquele relógio cesse de bater. Oro para que alguns possam neste momento dizer: "Terei Cristo, e serei de Cristo." O Senhor o conceda! Esta grande transação feita agora, será feita para sempre; e vocês e eu nos encontraremos do outro lado do Jordão, na terra dos abençoados, e eternamente louvaremos aquele que nos amou, e nos lavou de nossos pecados em seu próprio sangue, e nos fez reis e sacerdotes para Deus. O Senhor seja convosco, pelo amor de Jesus! Amém.