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SERMÃO 12

A Traição

Lucas 22:47-48
"E, estando ele ainda a falar, eis que chegou uma turba; e um dos doze, chamado Judas, ia adiante deles, e chegou-se a Jesus para o beijar. E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?" — Lucas 22:47-48

Quando Satanás havia sido inteiramente derrotado em seu conflito com Cristo no jardim, o diabo-homem Judas entrou em cena. Como o parto em sua fuga se vira para atirar a flecha fatal, assim o arqui-inimigo apontou outra seta ao Redentor, empregando o traidor em quem havia entrado. Judas se tornou o deputado do diabo, e uma ferramenta muito digna de confiança e útil ele era. O Maligno havia tomado posse inteira do coração do apóstata, e, como os porcos possuídos de demônios, correu violentamente para baixo rumo à destruição. Bem havia a malícia infernal selecionado o amigo de confiança do Salvador para ser seu traidor traiçoeiro, pois assim apunhalou no próprio centro de seu coração quebrado e sangrando. Mas, amados, como em todas as coisas Deus é mais sábio que Satanás, e o Senhor da bondade supera em astúcia o Príncipe do Mal, assim, nesta traição covarde de Cristo, profecia foi cumprida, e Cristo foi mais seguramente declarado ser o Messias prometido. Não foi José um tipo? E, eis! como aquele jovem invejado, Jesus foi vendido por seus próprios irmãos. Não deveria ser outro Sansão, por cuja força as portas do inferno deveriam ser arrancadas de seus gonzos? Eis! como Sansão, é amarrado por seus compatriotas, e entregue ao adversário. Não sabem que era o antítipo de Davi? E não foi Davi abandonado por Aitofel, seu próprio amigo familiar e conselheiro? Não, irmãos, as palavras do Salmista não recebem um cumprimento literal na traição de nosso Mestre? Que profecia pode ser mais exatamente verdadeira que a linguagem dos Salmos quarenta e um e cinquenta e cinco? No primeiro lemos: "Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar;" e no cinquenta e cinco o Salmista é ainda mais claro: "Porque não era um inimigo que me injuriava; então eu o teria suportado; nem era o que me aborecia que se engrandecia contra mim; então dele me teria escondido. Mas eras tu, homem meu igual, meu guia e meu conhecido. Juntos tomávamos doce conselho, e andávamos em companhia à casa de Deus. Estendeu as suas mãos contra os que têm paz com ele; quebrou a sua aliança. As palavras da sua boca eram mais macias do que a manteiga, mas havia guerra no seu coração; as suas palavras eram mais brandas do que o azeite; contudo, eram espadas desembainhadas." Mesmo uma passagem obscura num dos profetas menores, deve ter um cumprimento literal, e por trinta moedas de prata, o preço de um escravo vil, deve o Salvador ser traído por seu amigo escolhido. Ah! tu demônio imundo, acharás no final que tua sabedoria é apenas loucura intensificada; quanto às conspirações profundas e planos de tua astúcia, o Senhor os rirá com escárnio; depois de tudo, não és senão o servo inconsciente daquele que aborreces; em todo o trabalho negro que fazes tão avidamente, não és melhor que um ajudante de cozinha desprezível na cozinha real do Rei dos reis.

Sem mais prefácio, avancemos ao assunto da traição de nosso Senhor. Primeiro, concentrem seus pensamentos sobre Jesus, o traído; e quando tiverem se demorado ali um pouco, solenemente olhem para o semblante vil de Judas, o traidor — ele pode se provar um farol para nos advertir contra o pecado que gera apostasia.

I. DEMOREMO-NOS UM POUCO, E VEJAMOS NOSSO SENHOR INGRATAMENTE E COVARDEMENTE TRAÍDO

É designado que ele deve morrer, mas como cairá nas mãos de seus adversários? Devem capturá-lo em conflito? Não deve ser, para que não pareça uma vítima relutante. Deve fugir diante de seus inimigos até que não possa mais se esconder? Não convém que um sacrifício seja caçado até a morte. Deve se oferecer ao inimigo? Isso seria desculpar seus assassinos, ou ser parte de seu crime. Deve ser tomado acidentalmente ou desprevenido? Isso retiraria de seu cálice a amargura necessária que o fez absinto misturado com fel. Não; deve ser traído por seu amigo, para que possa carregar as profundidades máximas de sofrimento, e para que em cada circunstância separada haja um poço de dor. Uma razão para a designação da traição, estava no fato de que estava ordenado que o pecado do homem deveria alcançar seu ponto culminante em sua morte. Deus, o grande proprietário da vinha, havia enviado muitos servos, e os lavradores haviam apedrejado um e expulsado outro; por último de todos, disse: "Enviarei meu Filho; certamente reverenciarão meu Filho." Quando mataram o herdeiro para ganhar a herança, sua rebelião havia alcançado sua altura. O assassinato de nosso bendito Senhor foi o extremo da culpa humana; desenvolveu o ódio mortal contra Deus que espreita no coração do homem. Quando o homem se tornou um deicida, o pecado havia alcançado sua plenitude; e no ato negro do homem pelo qual o Senhor foi traído, aquela plenitude foi toda exibida. Se não tivesse sido por um Judas, não teríamos conhecido quão negro, quão imundo, a natureza humana pode se tornar. Desprezo os homens que tentam desculpar a traição deste demônio em forma humana, este filho da perdição, este apóstata imundo. Deveria me considerar um vilão se tentasse protegê-lo, e estremeço pelos homens que ousam atenuar seus crimes. Meus irmãos, deveríamos sentir uma detestação profunda deste mestre da infâmia; ele foi para seu próprio lugar, e o anátema de Davi, parte do qual foi citado por Pedro, veio sobre ele: "Quando for julgado, saia condenado; e a sua oração se lhe torne em pecado. Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício." Certamente, como o diabo foi permitido inusualmente a atormentar os corpos dos homens, assim foi solto para obter posse de Judas como raramente ganhou posse de qualquer outro homem, para que pudéssemos ver quão imundo, quão desesperadamente mau é o coração humano. Além de dúvida, contudo, a razão principal para isto foi que Cristo pudesse oferecer uma expiação perfeita pelo pecado. Podemos usualmente ler o pecado na punição. O homem traiu seu Deus. O homem teve a custódia do jardim real, e deveria ter mantido suas avenidas verdes sagradas para comunhão com seu Deus; mas traiu a confiança; a sentinela foi falsa; admitiu o mal em seu próprio coração, e assim no paraíso de Deus. Foi falso ao bom nome do Criador, tolerando a insinuação que deveria ter repelido com escárnio. Portanto Jesus deve achar o homem um traidor para ele. Deve haver a contrapartida do pecado no sofrimento que suportou. Vocês e eu temos frequentemente traído Cristo. Temos, quando tentados, escolhido o mal e abandonado o bem; temos tomado os subornos do inferno, e não seguimos de perto com Jesus. Parecia muito apropriado, então, que aquele que carregou o castigo do pecado deveria ser lembrado de sua ingratidão e traição pelas coisas que sofreu. Além disso, irmãos, aquele cálice deve ser amargo ao último grau que deve ser o equivalente para a ira de Deus. Não deve haver nada consolatório nele; dores devem ser tomadas para derramar nele tudo que mesmo a sabedoria Divina pode inventar de terrível e inaudita aflição, e este ponto — "Aquele que come pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar," era absolutamente necessário para intensificar a amargura. Além disso, sentimo-nos persuadidos de que assim sofrendo na mão de um traidor o Senhor se tornou um Sumo Sacerdote fiel, capaz de simpatizar conosco quando caímos sob semelhante aflição. Já que calúnia e ingratidão são calamidades comuns, podemos vir a Jesus com plena confiança de fé; ele conhece estas tentações dolorosas, pois as sentiu em seu grau muito pior. Podemos lançar todo cuidado, e toda tristeza sobre ele, pois ele cuida de nós, tendo sofrido conosco. Assim, então, na traição de nosso Senhor, Escritura foi cumprida, pecado foi desenvolvido, expiação foi completada, e o grande Sumo Sacerdote que tudo sofre se tornou capaz de simpatizar conosco em todo ponto.

Agora olhemos para a própria traição. Percebem quão negra era. Judas era servo de Cristo, e se o chamo seu servo confidencial. Era participante no ministério apostólico e na honra dos dons miraculosos. Havia sido muito bondosa e indulgentemente tratado. Era participante em todos os bens de seu Mestre, de fato se saía muito melhor que seu Senhor, pois o Homem de Dores sempre tomava a parte do leão de todas as dores da pobreza e a reprovação da calúnia. Tinha comida e vestes dadas a ele do estoque comum, e o Mestre parece tê-lo indulgido grandemente. A tradição antiga é, que depois do apóstolo Pedro ele era aquele com quem o Salvador mais comumente se associava. Pensamos que deve haver um erro ali, pois certamente João era o maior amigo do Salvador; mas Judas, como servo havia sido tratado com a máxima confiança. Vocês sabem, irmãos, quão doloroso é aquele golpe que vem de um servo em quem pusemos confiança ilimitada. Mas Judas era mais que isto: era um amigo, um amigo de confiança. Aquela bolsinha na qual mulheres generosas lançavam suas pequenas contribuições havia sido posta em suas mãos, e muito sabiamente também, pois ele tinha a veia financeira. Sua principal virtude era economia, uma qualidade muito necessária num tesoureiro. Como exercendo uma previsão prudente para a pequena companhia, e vigiando as despesas cuidadosamente, era, tanto quanto os homens podiam julgar, o homem certo no lugar certo. Havia sido completamente confiado. Não leio que houvesse qualquer auditoria anual de suas contas; não descubro que o Mestre o levou à tarefa quanto ao gasto de sua bolsa privada. Tudo foi dado a ele, e ele dava, à direção do Mestre, aos pobres, mas conta alguma foi pedida. Isto é vil realmente, ser escolhido para tal posição, ser instalado portador de bolsa ao Rei dos reis, Chanceler do tesouro de Deus, e então se virar e vender o Salvador; isto é traição em seu grau máximo. Lembrem-se de que o mundo olhava para Judas como colega e parceiro com nosso Senhor. Em grande extensão o nome de Judas estava associado com o de Cristo. Quando Pedro, Tiago, ou João haviam feito qualquer coisa errada, línguas de reprovação jogavam tudo sobre seu Mestre. Os doze eram parte e parcela de Jesus de Nazaré. Um comentarista antigo diz de Judas — "Era o alter ego de Cristo" — para o povo em geral havia uma identificação de cada apóstolo com o líder da banda. E oh! quando tais associações foram estabelecidas, e então há traição, é como se nosso braço devesse cometer traição contra nossa cabeça, ou como se nosso pé devesse desertar o corpo. Esta foi uma punhalada realmente!

Talvez, caros irmãos, nosso Senhor viu na pessoa de Judas um homem representativo, o retrato dos muitos milhares que em eras posteriores imitaram seu crime. Jesus viu em Iscariotes todos os Judas que traem verdade, virtude, e a cruz? Percebeu as multidões das quais podemos dizer, que eram, espiritualmente, nos lombos de Judas? Himeneu, Alexandre, Hermógenes, Fileto, Demas, e outros daquela tribo, estavam todos diante dele como viu o homem, seu igual, seu conhecido, negociando-o por trinta moedas de prata.

Caros amigos, a posição de Judas deve ter tendido grandemente a agravar sua traição. Mesmo os pagãos nos ensinaram que ingratidão é o pior dos vícios. Quando César foi apunhalado por seu amigo Bruto, o poeta do mundo escreve:

"Este foi o corte mais cruel de todos;
Pois quando o nobre César o viu apunhalar,
Ingratidão, mais forte que braços de traidor,
Totalmente o venceu; então rebentou seu coração poderoso;
E, em seu manto cobrindo sua face,
Mesmo na base da estátua de Pompeu,
O grande César caiu."

Muitas histórias antigas, tanto gregas quanto romanas, poderíamos citar para mostrar o horror que os pagãos nutrem para ingratidão e traição. Certos, também, de seus próprios poetas, tais, por exemplo, como Sófocles, derramaram palavras ardentes sobre amigos enganosos; mas não temos tempo para provar o que todos admitirão, que nada pode ser mais cruel, nada mais cheio de angústia, que ser vendido à destruição pelo amigo do peito. Quanto mais próximo o inimigo chega mais profunda será a punhalada que dá; se o admitimos ao nosso coração, e lhe damos nossa intimidade mais próxima, então pode nos ferir na parte mais vital.

Notemos, caros amigos, enquanto olhamos para o coração quebrado de nosso Salvador agonizante, a maneira pela qual ele enfrentou esta aflição. Havia estado muito em oração; oração havia vencido sua agitação terrível; estava muito calmo; e precisamos estar muito calmos quando somos abandonados por um amigo. Observem sua gentileza. A primeira palavra que falou a Judas, quando o traidor havia poluído sua bochecha com um beijo, foi esta — "AMIGO!" AMIGO!! Notem isso! Não "Desgraçado odioso," mas "Amigo, para que vieste?" não "Miserável, para que ousas manchar minha bochecha com teus lábios imundos e mentirosos?" não, "Amigo, para que vieste?" Ah! se houvesse qualquer coisa boa restando em Judas, isto a teria trazido para fora. Se não tivesse sido um traidor não mitigado, incorrigível, três vezes tingido, sua avareza deve ter perdido seu poder naquele instante, e teria gritado — "Meu mestre! Vim para te trair, mas aquela palavra generosa ganhou minha alma; aqui, se deves ser amarrado, serei amarrado contigo; faço uma confissão completa de minha infâmia!" Nosso Senhor acrescentou estas palavras — há reprovação nelas, mas notem quão bondosas ainda são, quão boas demais para tal celerado — "Judas, trais o Filho do homem com um beijo?" Posso conceber que as lágrimas brotaram de seus olhos, e que sua voz falhou, quando assim se dirigiu ao seu próprio amigo familiar e conhecido — "Trais," meu Judas, meu tesoureiro, "trais o Filho do homem," teu amigo sofredor, entristecedor, que viste nu e pobre, e sem um lugar onde reclinar sua cabeça. "Trais o Filho do homem — e prostituí o mais carinhoso de todos os sinais amorosos — um beijo — aquilo que deveria ser um símbolo de lealdade ao Rei, será o distintivo de tua traição — aquilo que estava reservado para afeição como seu melhor símbolo — fazes dele o instrumento de minha destruição? Trais o Filho do homem com um beijo?" Oh! se não tivesse sido entregue à dureza de coração, se o Espírito Santo não o tivesse totalmente deixado, certamente este filho da perdição teria caído prostrado ainda uma vez, e chorando sua própria alma, teria gritado — "Não, não posso te trair, tu Filho sofredor do homem; perdoa, perdoa; poupa-te; escapa desta multidão sanguinária, e perdoa teu discípulo traiçoeiro!" Mas não, palavra alguma de compunção, enquanto a prata está em jogo! Depois veio a tristeza que opera morte, que o levou, como Aitofel, seu protótipo, a cortejar a forca para escapar do remorso. Isto, também, deve ter agravado a aflição de nosso amado Senhor, quando viu a impenitência final do traidor, e leu a condenação lágrima daquele homem de quem havia uma vez dito, seria melhor para ele que nunca tivesse nascido.

Amados, gostaria que fixassem seus olhos sobre seu Senhor em suas meditações quietas como sendo assim desprezado e rejeitado dos homens, homem de dores e experimentado no trabalho; e cinjam os lombos de suas mentes, contando não estranha coisa se esta prova ardente vier sobre vocês, mas sendo determinados que embora seu Senhor devesse ser traído por seus discípulos mais eminentes, ainda, através de sua graça vocês se apegarão a ele em vergonha e em sofrimento, e o seguirão, se necessário for, mesmo até a morte. Deus nos dê graça para ver a visão de suas mãos e pés pregados, e lembrando que tudo isto veio da traição de um amigo, sejamos muito ciosos de nós mesmos, para que não crucifiquemos o Senhor novamente e o ponhamos em vergonha aberta traindo-o em nossa conduta, ou em nossas palavras, ou em nossos pensamentos.

II. JUDAS O TRAIDOR

Concedam-me sua atenção enquanto fazemos uma estimativa do homem pelo qual o Filho do homem foi traído — JUDAS O TRAIDOR.

Sua Posição e Caráter Público

Gostaria de chamar sua atenção, caros amigos, para sua posição e caráter público. Judas era um pregador; não, era um pregador proeminente, "obteve parte neste ministério," disse o Apóstolo Pedro. Não era simplesmente um dos setenta; havia sido selecionado pelo próprio Senhor como um dos doze, um membro honorável do colégio dos apóstolos. Sem dúvida havia pregado o evangelho de modo que muitos haviam sido alegrados por sua voz, e poderes miraculosos haviam lhe sido concedidos, de modo que à sua palavra os doentes haviam sido curados, ouvidos surdos haviam sido abertos; e os cegos haviam sido feitos ver; não, não há dúvida de que aquele que não pôde manter o diabo fora de si mesmo, havia expulsado demônios de outros. Ainda como caíste do céu, ó Lúcifer, filho da manhã! Aquele que era como um profeta no meio do povo, e falava com a língua dos eruditos, cuja palavra e maravilhas provaram que havia estado com Jesus e havia aprendido dele — ele trai seu Mestre. Entendam, meus irmãos, que dons alguns podem assegurar graça, e que posição alguma de honra ou utilidade na Igreja necessariamente provará nosso ser verdadeiro ao nosso Senhor e Mestre. Sem dúvida há bispos no inferno, e multidões daqueles que uma vez ocuparam o púlpito estão agora condenados para sempre a lamentar sua hipocrisia. Vocês que são oficiais da Igreja, não concluam que porque desfrutam da confiança da Igreja, que portanto de uma certeza absoluta a graça de Deus está em vocês. Talvez seja a mais perigosa de todas as posições para um homem se tornar bem conhecido e muito respeitado pelo mundo religioso, e ainda estar podre no âmago. Estar onde outros podem observar nossas faltas é uma coisa saudável embora dolorosa; mas viver com amigos amados que não creriam possível para nós fazer errado, e que se nos vissem errar fariam desculpas para nós — isto é estar onde é próximo ao impossível para nós jamais ser despertados se nossos corações não estão certos com Deus. Ter uma reputação justa e um coração falso é ficar sobre a beira do inferno.

Judas tomou um grau muito alto oficialmente. Teve a honra distinta de ser confiado com os assuntos financeiros do Mestre, e isto, depois de tudo, não era grau pequeno ao qual atingir. O Senhor, que sabe como usar todos os tipos de dons, percebeu que dom o homem tinha. Sabia que a impetuosidade irrefletida de Pedro logo esvaziaria a bolsa e deixaria a companhia em grandes estreitos, e se a tivesse confiado a João, seu espírito amoroso poderia ter sido enganado em benevolência imprudente para mendigos de língua untuosa; poderia mesmo ter gasto os pequenos dinheiros comprando caixas de alabastro cujos unguentos preciosos deveriam ungir a cabeça do Mestre. Deu a bolsa a Judas, e foi discreta, prudente, e propriamente usada; não há dúvida de que era a pessoa mais judiciosa, e adequada para ocupar o posto. Mas oh! caros amigos, se o Mestre escolher qualquer um de nós que somos ministros ou oficiais da Igreja, e nos der uma posição muito distinta; se nosso lugar nas fileiras for o de oficiais comandantes, de modo que mesmo nossos irmãos ministros olhem com estima, e nossos companheiros presbíteros ou diáconos nos considerem como sendo pais em Israel — oh! se nos virarmos, se nos provarmos falsos, quão condenável será nosso fim no final! Que golpe daremos ao coração da Igreja, e que escárnio será feito no inferno!

Observarão que o caráter de Judas era abertamente admirável. Não acho que se comprometeu de forma alguma. Nem a menor mancha manchou seu caráter moral até onde outros podiam perceber. Não era gabador, como Pedro; estava bastante livre da temeridade que grita: "Embora todos os homens te abandonem ainda não o farei eu." Não pede lugar à mão direita do trono, sua ambição é de outro tipo. Não faz perguntas ociosas. O Judas que faz perguntas é "não Iscariotes." Tomé e Filipe estão frequentemente investigando questões profundas, mas não Judas. Recebe verdade como lhe é ensinada, e quando outros se ofendem e não andam mais com Jesus, ele fielmente adere a ele, tendo razões douradas para assim fazer. Não se entrega às concupiscências da carne ou no orgulho da vida. Nenhum dos discípulos o suspeitava de hipocrisia; disseram à mesa: "Senhor, sou eu?" Nunca disseram: "Senhor, é Judas?" Era verdade que havia estado furtando por meses, mas então fazia por pequenas quantias, e cobria suas defalcações tão bem por manipulações financeiras que não corria risco algum de detecção dos pescadores honestos e não desconfiados com quem se associava. Como alguns comerciantes e negociantes de quem temos ouvido — cavalheiros inestimáveis como presidentes de companhias especuladoras e gerentes gerais de bancos trapaceiros — ele podia abstrair uma porcentagem decente e ainda fazer as contas se ajustar exatamente. Os cavalheiros que aprenderam de Judas, conseguem cozinhar as contas mais admiravelmente para os acionistas, de modo a obter um assado rico para sua própria mesa; sobre o qual eles, sem dúvida, rogam a bênção divina. Judas era, em sua vida conhecida, uma pessoa mais admirável. Teria sido vereador antes de muito não há dúvida, e sendo muito piedoso e ricamente dotado, seu advento em igrejas ou capelas teria criado satisfação intensa. "Que pessoa discreta e influente;" dizem os diáconos. "Sim," responde o ministro; "que aquisição para nossos conselhos; se pudéssemos elegê-lo para ofício seria de serviço eminente à Igreja." Creio que o Mestre o escolheu como apóstolo propositadamente para que não fôssemos de todo surpresos se encontrarmos tal homem um ministro no púlpito, ou um colega do ministro, trabalhando como oficial na Igreja de Cristo. Estas são coisas solenes, meus irmãos; tomemo-las ao coração, e se qualquer um de nós usa um bom caráter entre os homens e fica alto em ofício, que esta pergunta venha para perto de nós — "Senhor, sou eu? Senhor, sou eu?" Talvez aquele que por último fará a pergunta seja exatamente o homem que deveria tê-la feito primeiro.

Sua Natureza Real e Pecado

Mas, segundo, chamo sua atenção para sua natureza real e pecado. Judas era um homem com consciência. Não podia se dar ao luxo de ficar sem ela. Não era saduceu que pudesse jogar a religião pela borda; tinha tendências religiosas fortes. Não era pessoa devassa; nunca gastou dois centavos em vício em sua vida, não que amasse o vício menos, mas que amasse os dois centavos mais. Ocasionalmente era generoso, mas então era com dinheiro de outras pessoas. Bem vigiava sua encantadora responsabilidade, a bolsa. Tinha uma consciência, digo, e uma consciência feroz era quando uma vez quebrava a corrente, pois foi sua consciência que o fez se enforcar. Mas então era uma consciência que não se assentava regularmente no trono; reinava por ataques e arranques. Consciência não era o elemento principal. Avareza predominava sobre consciência. Obteria dinheiro, se honestamente, gostava melhor disso, mas se não pudesse obtê-lo conscienciosamente, então de qualquer forma no mundo. Era apenas um pequeno comerciante; seus ganhos não eram grandes coisas, senão não teria vendido Cristo por tão pequena soma quanto aquela — dez libras no máximo, de nosso dinheiro em seu valor presente — umas três ou quatro libras, como era naqueles dias. Era um preço pobre para tomar pelo Mestre; mas então um pouco de dinheiro era uma grande coisa para ele. Havia sido pobre; havia se juntado a Cristo com a ideia de que logo seria proclamado Rei dos Judeus, e que então se tornaria um nobre, e seria rico. Achando Cristo muito tempo vindo ao seu reino, havia tomado pouco a pouco, o suficiente para guardar em estoque; e agora, temendo que seria desapontado em todos seus sonhos, e nunca tendo tido cuidado algum por Cristo, mas apenas por si mesmo, sai do que pensa ter sido um erro grosso da melhor forma que pode, e faz dinheiro por sua traição contra seu Senhor.

Irmãos, creio solenemente, que de todos os hipócritas, aqueles são as pessoas das quais há menos esperança cujo Deus é seu dinheiro. Podem reclamar um bêbado; graças a Deus, vimos muitos casos disso; e mesmo um cristão caído, que cedeu ao vício, pode detestar sua luxúria, e voltar dela; mas temo que os casos nos quais um homem que está cancerado com cobiça jamais foi salvo, são tão poucos, que poderiam ser escritos em sua unha. Este é um pecado que o mundo não repreende; o ministro mais fiel mal pode ferir sua testa. Deus sabe que trovões lancei contra homens que são todos para este mundo, e ainda pretendem ser seguidores de Cristo; mas ainda sempre dizem: "Não é para mim." O que eu chamaria cobiça nua e crua, eles chamam prudência, discrição, economia, e assim por diante; e ações que eu desprezaria cuspir sobre, eles farão, e pensarão suas mãos completamente limpas depois que as fizeram, e ainda se assentam como o povo de Deus se assenta, e ouvem como o povo de Deus ouve, e pensam que depois que venderam Cristo por ganho mesquinho, irão ao céu. Ó almas, almas, almas, cuidado, cuidado, cuidado, mais de tudo da ganância! Não é dinheiro, nem falta de dinheiro, mas o amor do dinheiro que é a raiz de todo mal. Não é obtê-lo; não é mesmo mantê-lo; é amá-lo; é fazê-lo seu deus; é olhar para aquilo como a chance principal, e não considerar a causa de Cristo, nem a verdade de Cristo, nem a vida santa de Cristo, mas estar pronto a sacrificar tudo por amor do ganho. Oh! tais homens fazem gigantes no pecado; serão postos para sempre como alvos para riso infernal; sua condenação será certa e justa.

Suas Advertências Ignoradas

O terceiro ponto é, a advertência que Judas recebeu, e a maneira pela qual perseverou. Apenas pensem — na noite antes que vendeu seu Mestre o que pensam que o Mestre fez? Ora, lavou seus pés! E ainda o vendeu! Tal condescendência! Tal amor! Tal familiaridade! Tomou uma toalha, e se cingiu, e lavou os pés de Judas! E ainda aqueles próprios pés trouxeram Judas como guia àqueles que tomaram Jesus! E vocês lembram o que disse quando havia lavado seus pés — "Agora vós estais limpos, mas não todos;" e virou um olho lágrimo sobre Judas. Que advertência para ele! O que poderia ser mais explícito? Então quando a Ceia veio, e começaram a comer e beber juntos, o Senhor disse — "Um de vós me há de trair." Isso era claro o suficiente; e um pouco mais adiante disse explicitamente — "Aquele que mete comigo a mão no prato, esse mesmo me há de trair." Que oportunidades para arrependimento! Não pode dizer que não teve um pregador fiel. O que poderia ter sido mais pessoal? Se não se arrepende agora, o que deve ser feito?

Além disso, Judas viu aquilo que era suficiente para fazer um coração de diamante sangrar; viu Cristo com agonia em sua face, pois foi exatamente depois que Cristo havia dito "Agora a minha alma está perturbada," que Judas deixou a festa e saiu para vender seu Mestre. Aquela face, tão cheia de dor, deveria tê-lo virado, deve tê-lo virado, se não tivesse sido entregue e deixado sozinho, para entregar sua alma aos seus próprios artifícios. Que linguagem poderia ter sido mais troante que as palavras de Jesus Cristo, quando disse: "Ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído; bom seria para esse homem se não houvera nascido." Havia dito: "Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo." Agora, se enquanto estes trovões rolavam sobre sua cabeça, e os relâmpagos apontavam para sua pessoa, se, então, este homem não foi despertado, que inferno de pertinácia e culpa infernal deve ter estado dentro de sua alma! Oh! mas se qualquer um de vocês, se qualquer um de vocês vender Cristo por amor de manter a loja aberta no domingo, se venderem Cristo pelas wages extras que podem ganhar por falsidade — oh! se venderem Cristo por amor das cem libras que podem agarrar por um contrato vil — se fizerem isso, não perecem sem advertência. Venho a este púlpito para agradar homem algum entre vocês. Deus sabe se eu conhecesse mais de suas loucuras vocês as teriam apontadas ainda mais claramente; se soubesse mais dos truques dos negócios, não recuaria para falar deles! Mas, ó senhores, vos conjuro pelo sangue de Judas, que se enforcou no final, virem-se — se tais há — virem-se deste mal, se talvez seu pecado possa ser apagado!

O Ato da Traição

Notemos por um minuto o próprio ato. Buscou sua própria tentação. Não esperou pelo diabo vir a ele; foi atrás do diabo. Foi aos principais sacerdotes e disse: "Que me quereis dar?" Um dos divinos puritanos antigos diz: "Esta não é a maneira que as pessoas geralmente negociam; elas dizem seu próprio preço." Judas diz "Que me quereis dar? Qualquer coisa que gostem. O Senhor da vida e glória vendido pelo próprio preço do comprador. Que me quereis dar?" E outro muito lindamente põe: "O que poderiam lhe dar? O que o homem queria? Não queria comida e vestes; se saía tão bem quanto seu Mestre e os outros discípulos; tinha o suficiente; tinha tudo que suas necessidades podiam desejar, e ainda disse: 'Que me quereis dar? Que me quereis dar? Que me quereis dar?'" Ai de mim! a religião de algumas pessoas está fundamentada naquela única pergunta — "O que me dareis?" Sim, iriam à igreja se há caridades dadas ali, mas se houvesse mais a ser obtido não indo fariam isso. "O que me dareis?" Algumas dessas pessoas não são mesmo tão sábias quanto Judas. Ah! há um homem ali que venderia o Senhor por uma coroa, muito mais por dez libras, como Judas fez! Ora, há alguns que venderão Cristo pela menor moeda de prata em nossa moeda. São tentados a negar seu Senhor, tentados a agir de forma profana, embora os ganhos sejam tão mesquinhos que o valor de um ano deles não chegaria a muito. Assunto algum poderia ser mais terrível que este, se realmente olhássemos para ele cuidadosamente. Esta tentação acontece a cada um de nós. Não o neguem. Todos gostamos de ganhar; é apenas natural que devêssemos; a propensão para adquirir está em toda mente, e sob restrições lícitas não é uma propensão imprópria; mas quando vem em conflito com nossa lealdade ao nosso Mestre, e num mundo como este frequentemente virá, devemos vencê-la ou perecer. Surgirão ocasiões com alguns de vocês muitas vezes numa semana nas quais é "Deus — ou ganho;" "Cristo, ou as trinta moedas de prata;" e portanto sou mais urgente em pressionar isto sobre vocês. Não, embora o mundo devesse ofertar seu mais alto, embora devesse amontoar seus confortos uns sobre outros, e acrescentar fama, e honra, e respeito, não, rogo-lhes, abandonem seu Mestre. Houve tais casos; casos de pessoas que costumavam vir aqui, mas acharam que não se davam bem, porque domingo era o melhor dia de negócio da semana; tiveram alguns bons sentimentos, algumas boas impressões uma vez, mas os perderam agora. Conhecemos outros que disseram: "Bem, vocês veem, uma vez pensei que amava o Senhor, mas meu negócio foi tão mal quando vim à casa de Deus, que o deixei; renunciei minha profissão." Ah, Judas! ah, Judas! ah, Judas! deixem-me chamá-te por teu nome, pois tal és! Este é o pecado do apóstata novamente; Deus te ajude a te arrependeres dele, e vai, não a sacerdote algum, mas a Cristo e faz confissão, se talvez possas ser salvo.

Percebem que no ato de vender Cristo, Judas foi fiel ao seu mestre. "Fiel ao seu mestre?" vocês dizem. Sim, seu mestre era o diabo, e tendo feito um acordo com ele o levou a cabo honestamente. Algumas pessoas são sempre muito honestas com o diabo. Se dizem que farão uma coisa errada dizem que devem fazê-la porque disseram que fariam; como se qualquer juramento pudesse ser obrigatório sobre um homem se for um juramento para fazer errado? "Nunca irei naquela casa novamente," alguns disseram, e disseram depois: "Bem, desejo não ter dito isso." Foi uma coisa errada? Qual é então seu juramento? Foi um juramento dado ao diabo. O que foi aquela promessa tola senão uma promessa a Satanás, e serão fiéis a ele? Ah! queira Deus que fossem fiéis a Cristo! Queira que qualquer um de nós fosse tão verdadeiro a Cristo quanto os servos de Satanás são ao seu mestre!

Judas traiu seu Mestre com um beijo. É assim que a maioria dos apóstatas fazem; é sempre com um beijo. Já leram um livro infiel em sua vida que não começasse com profundo respeito pela verdade? Nunca li. Mesmo os modernos, quando bispos os escrevem, sempre começam assim. Traem o Filho do homem com um beijo. Já leram um banco de controvérsia amarga que não começasse com tal lote doentio de humildade, tal açúcar, tal manteiga, tal melaço, tal tudo doce e suave, que vocês disseram: "Ah! há certeza de haver algo mau aqui, pois quando as pessoas começam tão suave e docemente, tão humilde e tão suavemente, dependam que têm ódio rançoso em seus corações." As pessoas de aparência mais devota são frequentemente as mais hipócritas no mundo.

O Arrependimento Falso

Concluímos com o arrependimento de Judas. Ele se arrependeu; se arrependeu, mas foi o arrependimento que opera morte. Fez uma confissão, mas não havia respeito ao próprio ato, mas apenas às suas consequências. Estava muito pesaroso de que Cristo foi condenado. Algum amor latente que uma vez havia tido a um Mestre bondoso, subiu quando viu que foi condenado. Não pensava, talvez, que chegaria àquilo; pode ter tido uma esperança de que escaparia de suas mãos, e então manteria suas trinta moedas de prata e talvez o venderia novamente. Talvez pensasse que se livraria de suas mãos por alguma exibição miraculosa de poder, ou proclamaria o reino, e assim ele mesmo estaria apenas apressando aquela própria consumação bendita. Amigos, o homem que se arrepende de consequências não se arrepende. O rufião se arrepende da forca mas não do assassinato, e isso não é arrependimento algum. Lei humana é claro deve medir pecado por consequências, mas a lei de Deus não. Há um sinaleiro numa ferrovia que negligencia seu dever; há uma colisão na linha, e pessoas são mortas; bem, é homicídio culposo para este homem através de sua descuidado. Mas aquele sinaleiro, talvez, muitas vezes antes havia negligenciado seu dever, mas acidente algum veio disso, e então caminhou para casa e disse: "Bem, não fiz errado algum." Agora o errado, marquem vocês, nunca deve ser medido pelo acidente, mas pela própria coisa, e se cometeram uma ofensa e escaparam sem detecção é exatamente tão vil aos olhos de Deus; se fizeram errado e a Providência impediu o resultado natural do errado, a honra disso é com Deus, mas vocês são tão culpados como se seu pecado tivesse sido levado às suas consequências mais completas, e o mundo inteiro posto em chamas. Nunca meçam pecado por consequências, mas arrependam-se deles como são em si mesmos.

Embora estando pesaroso pelas consequências, já que estas são inalteráveis, este homem foi levado ao remorso. Buscou uma árvore, ajustou a corda, e se enforcou, mas em sua pressa se enforcou tão mal que a corda quebrou, ele caiu sobre um precipício, e ali lemos que suas entranhas se derramaram; jazia uma massa mutilada no fundo do penhasco, o horror de todos que passavam. Agora vocês que fazem ganho da piedade — se há tais aqui — podem não chegar ao fim de um suicida, mas levem a lição para casa. Sr. Keach, meu predecessor venerável, dá no fim de um de seus volumes de sermões, a morte de um Sr. João Child. João Child havia sido um ministro dissidente, e por amor de ganho, para obter sustento, juntou-se aos episcopais contra sua consciência; aspergiu bebês; e praticou toda a outra parafernália da Igreja contra sua consciência. No final, no final, foi preso com tais terrores por ter feito o que havia, que renunciou seu sustento, tomou uma cama de doente, e seus juramentos moribundos, e blasfêmias, e maldições, eram algo tão terrível, que seu caso foi a maravilha daquela era. Sr. Keach escreveu um relato completo disso, e muitos foram tentar o que podiam fazer para confortar o homem, mas ele diria: "Saí daqui; saí daqui; não adianta; vendi Cristo." Vocês conhecem, também, a morte maravilhosa de Francisco Spira. Em toda literatura, não há nada tão terrível quanto a morte de Spira. O homem havia conhecido a verdade; estava bem entre reformadores; era um homem honrado, e em certa extensão aparentemente fiel; mas voltou à Igreja de Roma; apostatou; e então quando a consciência foi despertada não voou a Cristo, mas olhou para as consequências em vez do pecado, e assim, sentindo que as consequências não podiam ser alteradas, esqueceu que o pecado poderia ser perdoado, e pereceu em agonias extremas. Que nunca seja o lote infeliz de qualquer um de nós ficar ao lado de tal leito de morte; mas o Senhor tenha misericórdia de nós agora, e nos faça esquadrinhar nossos corações. Aqueles de vocês que dizem: "Não queremos aquele sermão," são provavelmente as pessoas que mais o precisam. Aquele que disser: "Bem, não temos Judas entre nós," é provavelmente um Judas ele mesmo. Oh! esquadrinhem-se; revirem cada recanto; olhem em todo canto de sua alma, para ver se sua religião é por amor de Cristo, e por amor da verdade, e por amor de Deus, ou se é uma profissão que tomam porque é uma coisa respeitável, uma profissão que mantêm porque os mantém. O Senhor nos esquadrinhe e nos prove, e nos traga a conhecer nossos caminhos.

E agora, em conclusão — há um Salvador, e aquele Salvador está disposto a nos receber agora. Se não sou um santo, ainda sou um pecador. Não seria melhor para todos nós irmos novamente à fonte, e lavarmos e sermos limpos. Que cada um de nós vá novamente, e diga: "Mestre, tu sabes o que sou; não me conheço; mas, se estou errado, faz-me certo; se estou certo, mantém-me assim. Minha confiança está em ti. Guarda-me agora, por teu próprio amor, Jesus." Amém.

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