Somos alegremente lembrados pelo apóstolo de que não chegamos ao Monte Sinai e suas manifestações avassaladoras. Depois de Israel ter guardado a festa da Páscoa, Deus se agradou de dar a seu povo uma espécie de Pentecostes, e manifestar-se mais plenamente, a si mesmo e sua lei, no Sinai. Estavam no deserto, com os picos solenes de uma montanha desolada como seu centro; e do topo da mesma, no meio de fogo, trevas, escuridão e tempestade, e com o som de uma trombeta, Deus falou com eles.
"A terra se abalou, os céus também destilaram perante a face de Deus; até o próprio Sinai foi comovido na presença de Deus, o Deus de Israel." Não chegamos ao pavor e terror da antiga aliança, da qual nosso apóstolo diz noutro lugar: "A aliança do Monte Sinai gera para servidão" (Gálatas 4:24).
Sobre o espírito do crente não repousa o temor servil, o terror abjeto, o alarme desfalecem que dominaram as tribos de Israel; pois a manifestação de Deus que ele contempla, embora não menos majestosa, é muito mais cheia de esperança e alegria. Sobre nós não repousa a nuvem impenetrável de apreensão; não estamos sepultados numa escuridão presente de desespero; não somos agitados por uma tempestade de horror; e, portanto, não tememos nem trememos excessivamente. Quão gratos deveríamos ser por isso! Israel foi privilegiado mesmo ao receber uma lei ardente da destra de Jeová; mas somos muito mais favorecidos, visto que recebemos "o glorioso evangelho do Deus bendito."
Nosso apóstolo a seguir nos diz ao que chegamos. Suponho que ele fala de todos os santos após a morte e ressurreição de nosso Senhor e a descida do Espírito Santo. Refere-se a toda a igreja, no meio da qual o Espírito Santo agora habita. Chegamos a uma visão mais alegre que o Sinai, e a montanha ardendo em fogo. O adorador hebreu, à parte de seus sacrifícios, vivia continuamente debaixo da sombra das trevas de uma lei quebrada; era frequentemente sobressaltado pela nota tremenda da trombeta, que ameaçava juízo por essa lei quebrada; e assim vivia sempre numa condição de escravidão. A que mais poderia a lei trazê-lo? Convencer do pecado e condenar o pecador é seu poder máximo. O crente no Senhor Jesus Cristo vive numa atmosfera completamente diferente. Não chegou a um rochedo estéril, mas a uma cidade habitada, Jerusalém acima, a metrópole de Deus. Deixou o deserto pela terra que mana leite e mel, e o monte material que podia ser tocado pela Jerusalém espiritual e celestial.
Entrou em comunhão com uma companhia inumerável de anjos, que são para ele, não querubins com espadas flamejantes para manter os homens longe da árvore da vida, mas espíritos ministradores enviados para ministrar aos herdeiros da salvação. Chegou à assembleia alegre de todas as inteligências puras que se reuniram, não em tremor, mas em liberdade alegre, para guardar a festa com seu grande Senhor e Rei. Pensa em todos os que amam a Deus por todos os mundos, e sente que é um deles; pois chegou à "assembleia geral e igreja dos primogênitos, que estão escritos nos céus." Além disso, chegou "a Deus, o Juiz de todos," o árbitro e recompensador de todos os cidadãos escolhidos que são alistados por seu comando, o governante e juiz de todos os seus inimigos. Deus não é para eles uma pessoa terrível que fala à distância; mas é seu Pai e seu Amigo, em quem se deleitam, em cuja presença há plenitude de alegria para eles. Irmãos, nossa comunhão é com o Pai, nosso Deus. A ele chegamos através de nosso Senhor Jesus Cristo.
Além disso, no poder do Espírito de Deus realizamos a unidade da igreja tanto no céu como na terra, e os espíritos dos justos aperfeiçoados estão em união conosco. Nenhum golfo divide a militante da triunfante; somos um exército do Deus vivo. Às vezes falamos dos santos mortos; mas não há tais: vivem para Deus; são aperfeiçoados quanto aos seus espíritos mesmo agora, e estão esperando o momento quando seus corpos também serão ressuscitados da tumba para serem novamente habitados por suas almas imortais. Não mais trememos ao sepulcro, mas cantamos da ressurreição. Nossa condição de coração, dia a dia, é a de homens que estão em comunhão com Deus, comunhão com anjos, comunhão com espíritos perfeitos.
Também chegamos a Jesus, nosso Salvador, que é tudo em todos. Nele vivemos; somos unidos a ele num espírito; ele é o Esposo de nossas almas, o deleite de nossos corações. Chegamos a ele como o Mediador da nova aliança. Que coisa bendita é conhecer essa aliança da qual ele é o Mediador! Alguns nestes dias desprezam a aliança; mas os santos se deleitam nela. Para eles a aliança eterna, "ordenada em todas as coisas, e segura," é toda a sua salvação e todo o seu desejo. Somos membros da aliança através de nosso Senhor Jesus. Deus se comprometeu a nos abençoar. Por duas coisas imutáveis nas quais é impossível que ele minta, ele nos deu forte consolação, e boa esperança pela graça, mesmo a todos nós que buscamos refúgio no Senhor Jesus. Somos felizes em viver sob a aliança da graça, a aliança da promessa, a aliança simbolizada por Jerusalém de cima, que é livre, e mãe de todos nós.
Então vem a última coisa de todas, mencionada por último, como terei de mostrar-vos, por um propósito. Chegamos "ao sangue da aspersão." Naquele primeiro dia no Sinai nenhum sangue de aspersão foi apresentado, mas depois foi usado por ordem divina para ratificar a aliança nacional que as tribos fizeram com Jeová ao pé da colina. Dessa aliança o Senhor diz: "a qual minha aliança eles quebraram, embora eu fosse como marido para eles." Ele nunca quebrou sua aliança, mas eles a quebraram; pois falharam em guardar aquela condição de obediência sem a qual uma aliança fundada sobre obras cai por terra. Chegamos ao sangue da aspersão que caiu sobre uma aliança que nunca será quebrada; pois o Senhor a fez durar embora rochas e montes se removam. Isto é chamado pelo Espírito Santo "uma aliança melhor, que foi estabelecida sobre melhores promessas." Chegamos à aliança da graça, a Jesus o Mediador dela, e ao seu sangue, que é o selo dela. Deste último vamos falar neste momento — "O sangue da aspersão que fala melhores coisas que o de Abel."
Precisarei esta manhã ocupar todo o tempo com o que considero apenas a primeira parte do meu discurso. O que é? "O sangue da aspersão." Será nosso dever depois considerar onde estamos — "chegamos a este sangue;" e, terceiro, lembrar o que então? "Vede que não rejeiteis ao que fala."
Primeiro, O QUE É? O que é este "sangue da aspersão?" Em poucas palavras, "o sangue da aspersão" representa as dores, os sofrimentos, a humilhação e a morte do Senhor Jesus Cristo, que ele suportou em favor do homem culpado. Quando falamos do sangue, não desejamos ser entendidos como referindo-nos única ou principalmente ao sangue material literal que fluiu das feridas de Jesus. Cremos no fato literal de seu derramamento de sangue; mas quando falamos de sua cruz e sangue queremos dizer aqueles sofrimentos e aquela morte de nosso Senhor Jesus Cristo pelos quais ele magnificou a lei de Deus; queremos dizer o que Isaías pretendia quando disse: "Ele fará da sua alma uma oferta pelo pecado;" queremos dizer todas as tristezas que Jesus vicariamente suportou em nosso favor no Getsêmani, e Gabatá, e Gólgota, e especialmente seu entregar sua vida sobre a árvore do escárnio e condenação. "O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." "Sem derramamento de sangue não há remissão;" e o derramamento de sangue intentado é a morte de Jesus, o Filho de Deus.
Lembrai-vos de que seus sofrimentos e morte não foram apenas aparentes, mas verdadeiros e reais; e que envolveram um grau incalculável de dor e angústia. Remir nossas almas custou a nosso Senhor uma tristeza excessiva "até à morte;" custou-lhe o suor de sangue, o coração quebrado com o opróbrio, e especialmente a agonia de ser abandonado por seu Pai, até clamar: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Nosso Mediador suportou a morte sob os piores aspectos possíveis, despojado daqueles apoios que em todos os outros casos de homens piedosos são dados pela bondade e fidelidade de Deus. Sua não foi meramente uma morte natural, mas uma morte agravada por circunstância sobrenatural, que infinitamente intensificou sua dor. Isto é o que queremos dizer pelo sangue de Cristo, seus sofrimentos e sua morte.
Estes foram voluntariamente empreendidos por ele mesmo por puro amor a nós, e para que pudéssemos por isso ser justamente salvos do castigo merecido. Não havia razão natural da parte dele por que devesse sofrer, sangrar e morrer. Muito pelo contrário — "Só ele tem a imortalidade." Mas por supremo amor a nós, para que o homem pudesse ser perdoado sem a violação da retidão divina, o Filho de Deus assumiu carne humana, e tornou-se verdadeiramente um homem, para que pudesse ser capaz de oferecer no lugar do homem uma vindicação completa à lei justa e imutável de Deus. Sendo Deus, mostrou assim o amor maravilhoso de Deus ao homem por estar disposto a sofrer pessoalmente em vez dos redimidos morrerem como resultado justo de seu pecado. A majestade incomparável de sua pessoa divina emprestou suprema eficácia aos seus sofrimentos. Foi um homem que morreu, mas ele era também Deus, e a morte do Deus encarnado reflete mais glória sobre a lei do que as mortes de miríades de criaturas condenadas poderiam ter feito. Vede o anseio do grande Deus por perfeita justiça: ele preferia morrer a manchar sua justiça mesmo para satisfazer sua misericórdia. Jesus o Senhor, por amor ao Pai e aos homens, empreendeu voluntária e alegremente por nossa causa magnificar a lei, e trazer perfeita justiça. Esta obra foi tão realizada até o máximo, que nem um jota do sofrimento foi mitigado, nem uma partícula da obediência abandonada: "foi obediente até à morte, e morte de cruz." Agora ele terminou a transgressão, pôs fim ao pecado, e trouxe a justiça eterna: pois ofereceu tal expiação que Deus é justo, e o justificador daquele que crê. Deus é ao mesmo tempo o Juiz justo, e o Pai infinitamente amoroso, através do que Jesus sofreu.
Irmãos, embora tenha dito que não havia razão por que o Filho de Deus devesse sangrar e morrer por sua própria conta, contudo para conosco havia uma razão. Nosso Senhor desde a eternidade na aliança eterna foi constituído a cabeça e representante de todos os que estavam nele; e assim, quando chegou o tempo, tomou o lugar, carregou o pecado, e sofreu a penalidade daqueles que o Pai lhe deu desde antes dos fundamentos do mundo. Ele é tanto o homem representativo quanto o primeiro Adão foi o homem representativo; e como em Adão o pecado foi cometido que nos arruinou, assim no segundo Adão a expiação foi feita que nos salva. "Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo." Não havia outra pessoa tão apta para empreender o empreendimento de nossa redenção como este segundo homem, que é o Senhor do céu. Ele propriamente, mas ainda assim muito generosa e espontaneamente, veio e derramou seu sangue precioso, no lugar e posição e lugar dos pecadores, para trazer os culpados para perto de Deus.
Mas o texto não fala meramente do sangue derramado, que vos expliquei, mas do "sangue da aspersão." Esta é a expiação aplicada para propósitos divinos, e especialmente aplicada aos nossos próprios corações e consciências pela fé. Para a explicação desta aspersão devemos olhar para os tipos do Antigo Testamento. No Antigo Testamento o sangue da aspersão significava muitas coisas; de fato, não posso agora dizer-vos tudo que significava. Encontramo-lo no Livro de Êxodo, no tempo quando o Senhor feriu todos os primogênitos do Egito.
Então o sangue da aspersão significava preservação. A bacia cheia de sangue foi tomada, e um molho de hissopo foi mergulhado nela, e a verga e as duas ombreiras de cada casa habitada por israelitas foram untadas com o sangue; e quando Deus viu o sangue sobre a casa do israelita, ordenou que o destruidor passasse por essa família, e deixasse seu primogênito ileso. O sangue aspergido significava preservação: era a páscoa e salvaguarda de Israel.
O sangue aspergido muito frequentemente significava a confirmação de uma aliança. Assim é usado em Êxodo 24, que vos li agora há pouco. O sangue foi aspergido sobre o livro da aliança, e também sobre o povo, para mostrar que a aliança estava, tanto quanto podia ser, confirmada pelo povo que prometeu: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos." O sangue de touros e de bodes naquele caso era apenas um tipo do sangue sacrificial do Senhor Jesus Cristo. A lição que aprendemos de Êxodo 24 é que o sangue da aspersão significa o sangue de ratificação ou confirmação da aliança, que Deus se agradou de fazer com os homens na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Desde que Jesus morreu, as promessas são Sim e Amém a todos os crentes, e devem certamente ser cumpridas. A aliança da graça tinha apenas uma condição, e essa condição Jesus cumpriu por sua morte, de modo que agora se tornou uma aliança de promessa pura e incondicional a toda a semente.
Em muitos casos a aspersão do sangue significava purificação. Se uma pessoa havia sido contaminada, não podia entrar no santuário de Deus sem ser aspergida com sangue. Havia as cinzas de uma novilha vermelha guardadas, e estas eram misturadas com sangue e água; e por serem aspergidas sobre o imundo, sua contaminação cerimonial era removida. Havia assuntos incidentes à vida doméstica, e acidentes da vida ao ar livre, que geravam impureza, e esta impureza era removida pela aspersão do sangue. Esta aspersão era usada no caso de recuperação de doença infecciosa, como lepra; antes que tais pessoas pudessem misturar-se nas assembleias solenes, eram aspergidas com o sangue, e assim eram tornadas cerimonialmente puras. Num sentido mais alto esta é a obra do sangue de Cristo. Ele nos preserva, ratifica a aliança, e onde quer que seja aplicado nos torna puros; pois "o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo pecado." Temos nossos corações aspergidos de uma má consciência; pois chegamos à obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo.
A aspersão do sangue significava, também, santificação. Antes de um homem entrar no sacerdócio o sangue era posto sobre sua orelha direita, e sobre o dedão do seu pé direito, e sobre o polegar da sua mão direita, significando que todos os seus poderes eram assim consagrados a Deus. A cerimônia de ordenação incluía a aspersão de sangue sobre o altar ao redor. Assim mesmo o Senhor Jesus nos redimiu para Deus por sua morte, e a aspersão de seu sangue nos fez reis e sacerdotes para Deus para sempre. Ele é feito de Deus para nós santificação, e tudo mais que é necessário para o serviço divino.
Uma outra significação do sangue do sacrifício era aceitação e acesso. Quando o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo uma vez por ano, não era sem sangue, que ele aspergia sobre a arca da aliança, e sobre o propiciatório, que estava no topo da mesma. Todas as aproximações a Deus eram feitas por sangue. Não havia esperança de um homem aproximar-se de Deus, mesmo em símbolo, à parte da aspersão do sangue. E agora hoje nosso único caminho a Deus é pelo sacrifício precioso de Cristo; a única esperança para o sucesso de nossas orações, a aceitação de nossos louvores, ou a recepção de nossas obras santas, é através do mérito sempre permanente do sacrifício expiatório de nosso Senhor Jesus Cristo. O Espírito Santo nos ordena entrar no santíssimo pelo sangue de Jesus; não há outro caminho.
Havia outros usos além destes, mas pode bastar pôr a aspersão do sangue como tendo estes efeitos, a saber, o de preservação, satisfação, purificação, santificação, e acesso a Deus. Isto foi tudo tipificado no sangue de touros e de bodes, mas realmente cumprido no grande sacrifício de Cristo.
Com isto como explicação, desejo chegar ainda mais perto do texto, e vê-lo com grande cuidado; pois para minha mente é singularmente cheio de ensino. Possa o Espírito Santo conduzir-nos à verdade que jaz aqui como tesouro escondido num campo!
Primeiro. O sangue da aspersão é o centro da manifestação divina sob o evangelho. Observai seu lugar mais íntimo na passagem diante de nós. Sois privilegiados pela graça todo-poderosa para vir primeiro ao Monte Sião, para escalar suas alturas, para estar sobre seu cume santo, e entrar na cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial. Naquelas ruas douradas, rodeando o santuário santificado, contemplais uma companhia inumerável de anjos. Que visão de glória! Mas não deveis descansar aqui; pois a grande assembleia geral, a reunião festiva, a convocação solene dos inscritos no céu, está sendo realizada, e todos estão lá em traje alegre, rodeando seu Deus e Senhor. Pressionai avante ao próprio trono, onde se assenta o Juiz de todos, rodeado por aqueles espíritos santos que lavaram suas vestes, e, portanto, estão diante do trono de Deus em perfeição. Não chegastes muito longe? Não sois admitidos no próprio centro de toda a revelação? Ainda não. Um passo mais vos coloca onde está vosso Salvador, o Mediador, com a nova aliança. Agora vossa alegria está completa; mas tendes um objeto mais para contemplar. O que está naquele santuário mais íntimo? O que é aquilo que está escondido no santo dos santos? O que é aquilo que é a coisa mais preciosa e custosa de todas, a última, o ultimatum, a maior revelação de Deus? O sangue precioso de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito — o sangue da aspersão. Isto vem por último; é a verdade mais íntima da dispensação da graça sob a qual vivemos. Irmãos, quando subimos ao próprio céu, e passamos o portão de pérola, e seguimos nosso caminho através das hostes inumeráveis de anjos, e chegamos até ao trono de Deus, e vemos os espíritos dos justos aperfeiçoados, e ouvimos seu hino santo, não teremos ido além da influência do sangue da aspersão; não, vê-lo-emos lá mais verdadeiramente presente que em qualquer outro lugar.
"Quê!" dizeis, "o sangue de Jesus no céu?" Sim. O santuário terrestre, somos informados, foi purificado com o sangue de touros e de bodes, "mas as próprias coisas celestiais com melhores sacrifícios que estes." (Hebreus 9:23) Quando Jesus entrou uma vez por todas no lugar santo, entrou por seu próprio sangue, tendo obtido eterna redenção para nós: assim diz o apóstolo no nono capítulo desta epístola. Deixem aqueles que falam levianamente do sangue precioso corrigir sua visão antes que sejam culpados de blasfêmia; pois a revelação de Deus não conhece profundidade menor, este é o coração e centro de tudo. A manifestação de Jesus sob o evangelho não é apenas a revelação do Mediador, mas especialmente de seu sacrifício. A aparição de Deus o Juiz de todos, a visão de hostes de anjos e espíritos perfeitos, apenas conduzem àquele sacrifício que é a fonte e foco de toda verdadeira comunhão entre Deus e suas criaturas. Este é o caráter que Jesus usa no santuário mais íntimo onde se revela mais claramente àqueles que estão mais perto dele. Ele parece como um cordeiro que foi morto. Não há visão dele que seja mais cheia, mais gloriosa, mais completa, que a visão dele como o grande sacrifício pelo pecado. A expiação de Jesus é a concentração da glória divina; todas as outras revelações de Deus são completadas e intensificadas aqui. Não chegastes ao sol central do grande sistema espiritual da graça até terdes chegado ao sangue da aspersão — àqueles sofrimentos do Messias que não são por si mesmo, mas são intentados para influir sobre outros, mesmo como gotas quando são aspergidas exercem sua influência onde caem. A menos que tenhais aprendido a regozijar-vos naquele sangue que tira o pecado, ainda não captastes a nota tônica da dispensação do evangelho. O sangue de Cristo é a vida do evangelho. À parte da expiação podeis conhecer a pele, a casca, a vagem do evangelho; mas seu kernel interior não descobristes.
A seguir peço-vos para olhar o texto e observar que esta aspersão do sangue, como mencionada pelo Espírito Santo nesta passagem, é absolutamente idêntica ao próprio Jesus. Lede-o. "A Jesus o mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhores coisas que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala." Ele diz que é o sangue que fala; e então procede a dizer: "Vede que não rejeiteis ao que fala." Esta é uma virada muito inesperada, que só pode ser explicada sobre a suposição de que Jesus e o sangue são idênticos na visão do escritor. Por aquilo que podemos chamar uma singularidade na gramática, ao pôr ele por ele, o Espírito de Deus intencionalmente apresenta a verdade impressionante, que o sacrifício é idêntico ao Salvador. "Chegamos ao Salvador, o mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala; vede que não rejeiteis a ele." Amados amigos, não há Jesus se não há sangue da aspersão; não há Salvador se não há sacrifício. Ponho isto fortemente, porque a tentativa está sendo feita hoje em dia para apresentar Jesus à parte de sua cruz e expiação. Ele é apresentado como um grande mestre ético, um espírito auto-sacrificial, que deve liderar o caminho numa grande reforma moral, e por sua influência estabelecer um reino de influência moral no mundo. É até insinuado que este reino nunca teve proeminência suficiente dada a ele porque foi ofuscado por sua cruz. Mas onde está Jesus à parte de seu sacrifício? Ele não está lá se deixastes de fora o sangue da aspersão, que é o sangue do sacrifício. Sem a expiação, nenhum homem é cristão, e Cristo não é Jesus. Se rasgastes o sangue sacrificial, tirastes o coração do evangelho de Jesus Cristo, e o roubastes de sua vida. Se pisastes o sangue da aspersão, e o contastes coisa comum, em vez de pô-lo acima de vós sobre a verga da porta, e ao redor de vós sobre as duas ombreiras, transgredistes terrivelmente. Quanto a mim, Deus me livre de gloriar-me exceto na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, visto que para mim aquela cruz é idêntica ao próprio Jesus. Não conheço Jesus senão aquele que morreu o justo pelos injustos. Podeis separar Jesus e o sangue materialmente; pois pela lançada, e todas as suas outras feridas, o sangue foi tirado do corpo de nosso Senhor; mas espiritualmente este "sangue da aspersão" e o Jesus por quem vivemos, são inseparáveis. De fato, são um e indivisível, a mesmíssima coisa, e não podeis verdadeiramente conhecer Jesus, ou pregar Jesus, a menos que o pregueis como morto pelo pecado; não podeis confiar em Jesus exceto confiando nele como fazendo paz pelo sangue de sua cruz. Se acabastes com o sangue da aspersão, acabastes com Jesus completamente; ele nunca se separará de sua glória mediatorial como nosso sacrifício, nem podemos chegar a ele se ignorarmos esse caráter. Não está claro no texto que Jesus e o sangue da aspersão são um? O que Deus ajuntou, não separe o homem. Notai isto cuidadosamente.
Terceiro, observai que este "sangue da aspersão" é posto em contato próximo com "a nova aliança." Não me admiro que aqueles que são frouxos em suas opiniões da expiação não tenham nada honorável a dizer concernente às alianças, velha ou nova. A doutrina das alianças é a medula da divindade; mas estes espíritos vãos-gloriosos afetam desprezá-la. Isto é natural, visto que falam depreciativamente da expiação. Que aliança há sem sangue? Se não for ratificada, se não houver sacrifício para torná-la segura, então não é aliança à vista de Deus ou de homens esclarecidos. Mas, ó amados, vós que conheceis vosso Senhor, e seguis para conhecê-lo ainda melhor, para vós a aliança da promessa é uma herança de alegria, e sua expiação é muito preciosa como a confirmação dela. Para nós a morte sacrificial de nosso Senhor não é uma doutrina, mas a doutrina, não um crescimento do ensino cristão, mas a essência e medula dele. Para nós Jesus em sua expiação é Alfa e Ômega, nele a aliança começa e termina. Vedes como foi confirmada por sangue. Se for aliança de homem, se for confirmada, permanece; mas esta é aliança de Deus, confirmada com promessas, juramentos e sangue, e permanece firme para todo o sempre. Todo crente está tanto interessado naquela aliança quanto estava Abraão o pai dos crentes; pois a aliança foi feita com Abraão e sua semente espiritual; e em Cristo é confirmada a toda aquela semente para sempre por seu sangue muito precioso. Aquilo, também, é bastante evidente no texto: não deixeis de considerá-lo bem.
Mas, quarto, quero que noteis que segundo o texto o sangue é a voz da nova dispensação. Observai que no Sinai havia "o som de uma trombeta, e a voz de palavras; qual voz os que a ouviram pediram que não lhes fosse mais falada." Olhais, portanto, sob a nova dispensação, por uma voz, e não chegais a nenhuma até atingirdes o último objeto na lista, e ali verdes "o sangue da aspersão que fala." Aqui, então, está a voz do evangelho; não é o som de uma trombeta, nem a voz de palavras faladas em majestade terrível; mas o sangue fala, e certamente não há som mais penetrante, mais potente, mais prevalecente. Deus ouviu a voz do sangue de Abel e visitou Caim com castigo condígno por matar seu irmão; e o sangue precioso de Jesus Cristo, o Filho de Deus, clama nos ouvidos de Deus com uma voz que é sempre ouvida. Como pode ser imaginado que o Senhor Deus devesse ser surdo ao clamor do sacrifício de seu Filho? Eis que, por muitas eras o sangue tem clamado — "Perdoa-lhes! Perdoa-lhes! Aceita-os! Livra-os de descer à cova, pois achei um resgate!"
O sangue da aspersão tem uma voz de instrução para nós mesmo como tem uma voz de intercessão com Deus. Clama a nós: "Vede o mal do pecado! Vede como Deus ama a justiça! Vede como ele ama os homens! Vede como é impossível para vós escapar do castigo do pecado exceto por este grande sacrifício no qual o amor e a justiça de Deus aparecem igualmente! Vede como Jeová não poupou seu próprio Filho, mas livremente o entregou por todos nós." Que voz há na expiação! — uma voz que pleiteia por santidade e amor, por justiça e graça, por verdade e misericórdia. "Vede que não rejeiteis ao que fala."
Não a ouvis? Se tirardes o sangue da aspersão do evangelho, o silenciastes. Não tem voz se isto se foi. "Oh," dizem, "o evangelho perdeu seu poder!" Que admiração quando o fizeram um evangelho mudo! Como pode ter poder quando tiram aquilo que é sua vida e fala? A menos que o pregador esteja sempre pregando este sangue, e aspergindo-o pela doutrina da fé, seu ensino não tem voz nem para despertar os descuidados nem para alegrar os ansiosos. Se jamais vier um dia miserável quando todos os nossos púlpitos estejam cheios de pensamento moderno, e a velha doutrina de um sacrifício substitutivo seja explodida, então não restará palavra de conforto para o culpado ou esperança para o desesperado. Silenciadas estarão para sempre aquelas notas prateadas que agora consolam os vivos, e alegram os moribundos; um espírito mudo possuirá este mundo sombrio, e nenhuma voz de alegria quebrará o silêncio branco do desespero. O evangelho fala através da propiciação pelo pecado, e se isso for negado, não fala mais.
Aqueles que não pregam a expiação exibem um evangelho mudo e fictício; uma boca tem, mas não fala; os que o fazem são como o seu ídolo.
Deixai-me trazer-vos ainda mais perto do texto. Observai, que esta voz é idêntica à voz do Senhor Jesus; pois é posta assim. "O sangue da aspersão que fala. Vede que não rejeiteis ao que fala." Qualquer que seja a doutrina do sacrifício de Jesus, é o ensino principal do próprio Jesus. É bem notar que a voz que falou do Sinai era também a voz de Cristo. Foi Jesus quem entregou aquela lei cuja penalidade ele mesmo deveria suportar. Aquele que a leu em meio à tempestade foi Jesus. Notai a declaração — "Cuja voz então abalou a terra." Sempre que ouvis o evangelho, a voz do sangue precioso é a voz do próprio Jesus, a voz daquele que abalou a terra no Sinai. Esta mesma voz um dia abalará, não apenas a terra, mas também o céu. Que voz há no sangue da aspersão, visto que de fato é a voz do Filho eterno de Deus, que tanto faz como destrói!
Quereríeis que eu silenciasse a doutrina do sangue da aspersão? Tentaria algum de vós tão horrível façanha? Seremos censurados se continuamente proclamarmos a mensagem enviada do céu do sangue de Jesus? Falaremos com respiração contida porque alguma pessoa afetada se arrepia ao som da palavra "sangue?" ou algum indivíduo "culto" se rebela ao pensamento antiquado de sacrifício? Não, em verdade, preferiremos ter nossa língua cortada a cessar de falar do sangue precioso de Jesus Cristo. Para mim não há nada que valha a pena pensar ou pregar exceto esta grande verdade, que é o começo e o fim de todo o sistema cristão, a saber, que Deus deu seu Filho para morrer para que pecadores vivam. Esta não é apenas a voz do sangue, mas a voz do próprio nosso Senhor Jesus Cristo. Assim diz o texto, e quem pode contradizê-lo?
Além disso, meus irmãos, do texto aprendo outra verdade, a saber, que este sangue está sempre falando. O texto não diz "o sangue da aspersão que falou," mas "que fala." Está sempre falando, sempre permanece uma súplica com Deus e um testemunho aos homens. Nunca será silenciado, nem de um modo nem de outro. Na intercessão de nosso Senhor ressuscitado e ascendido seu sacrifício sempre fala ao Altíssimo. Pelo ensino do Espírito Santo a expiação sempre falará em edificação aos crentes ainda sobre a terra. É o sangue que fala, segundo nosso texto, esta é a única fala que esta dispensação nos produz. Cessará jamais essa fala? Declinaremos ouvi-la? Recusaremos ecoá-la? Deus o proíba. De dia, de noite, o grande sacrifício continua a clamar aos filhos dos homens: "Convertei-vos de vossos pecados, pois custaram caro a vosso Salvador. Aos tempos da ignorância Deus o relevou; mas agora notifica a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, visto que é capaz de perdoar e ainda ser justo. Vosso Deus ofendido proveu ele mesmo um sacrifício; vinde e sede aspergidos com seu sangue, e reconciliai-vos de uma vez por todas." A voz deste sangue fala onde quer que haja uma consciência culpada, onde quer que haja um coração ansioso, onde quer que haja um pecador buscando, onde quer que haja uma mente crente. Fala com voz doce, familiar, terna, convidativa. Não há música como ela ao ouvido do pecador: encanta seus temores. Nunca cessará sua fala enquanto houver um pecador ainda fora de Cristo; não, enquanto houver um na terra que ainda precise de seu poder purificador por causa de novos deslizes. Oh, ouvi sua voz! Inclinai vosso ouvido e recebei seus acentos benditos: diz: "Vinde agora, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã."
Esta parte de meu discurso não estará completa a menos que vos diga para notar que somos expressamente informados que este sangue precioso fala "melhores coisas que o de Abel." Não penso que todo o significado da passagem seja esgotado se dissermos que o sangue de Abel clama por vingança, e que o sangue de Cristo fala por perdão. Dr. Watts o põe:
Isso é bem verdade; mas concebo que não é todo o sentido, e talvez nem mesmo o sentido aqui intentado. Vingança dificilmente é uma coisa boa; contudo o sangue de Abel falou coisas boas, ou dificilmente leríamos que o sangue de Cristo fala "melhores coisas." O que fala o sangue de Abel? O sangue de Abel fala de uma obediência completa e crente a Deus. Mostra-nos um homem que crê em Deus, e, não obstante a inimizade de seu irmão, traz a Deus o sacrifício de fé designado, seguindo estritamente, mesmo até o fim amargo, sua santa obediência ao Altíssimo. Isso é o que o sangue de Abel me diz; e o sangue de Jesus diz a mesma coisa muito enfaticamente. A morte de Jesus Cristo foi a coroa e fim de uma vida perfeita, foi um completamento adequado de um curso de santidade. Em obediência ao Grande Pai, Jesus até deu sua vida. Mas se isto é tudo que o sangue de Jesus fala, como alguns dizem que é, então não fala melhores coisas que o sangue de Abel; pois apenas diz as mesmas coisas numa voz mais alta. O martírio de qualquer santo tem uma voz para obediência a Deus tão verdadeiramente quanto o martírio de Jesus; mas a morte de nosso Senhor diz muito mais, infinitamente mais, que isto: não apenas testemunha de obediência completa, mas provê o caminho pelo qual o desobediente pode ser perdoado e ajudado à obediência e santidade. A cruz tem um evangelho maior, mais profundo, mais alegre para homens caídos que o de um exemplo perfeito que são incapazes de seguir.
O sangue de Abel disse isto, também — que não se envergonhava de sua fé, mas testemunhou uma boa confissão concernente a seu Deus, mesmo até à morte; pôs sua vida em sua mão, e não se envergonhou de estar no altar de Deus, e avocar sua fé por obedientemente oferecer o sacrifício ordenado. Ora, concedo-vos que o sangue de Jesus também declara que ele foi uma testemunha fiel e verdadeira, que voluntariamente selou seu testemunho com seu sangue. Provou por derramar seu sangue que não podia ser desviado da verdade e justiça, mesmo que a morte estivesse em seu caminho; mas se isso é tudo que o sangue da aspersão fala, não diz melhores coisas que o sangue de Abel. "Sede fiéis até à morte," é a voz de Abel assim como de Jesus. Jesus deve ter dito mais que isto por seu derramamento de sangue.
O sangue de Abel disse coisas boas; isso está implicado no fato de que o sangue de Jesus Cristo diz melhores coisas; e sem dúvida o sangue de Abel eleva-se à dignidade de ensinar auto-sacrifício. Aqui estava um homem, um pastor de ovelhas, que por seu modo de vida dispôs sua vida para o bem daqueles confiados ao seu cuidado; e no último, em obediência a Deus, rendeu-se para morrer pela mão de um irmão. Foi o primeiro rascunho de um quadro de auto-sacrifício. Nosso Senhor Jesus Cristo também fez um auto-sacrifício completo. Toda sua vida ele se deu aos homens. Nunca viveu para si mesmo. A glória de Deus e o bem dos homens estavam unidos numa paixão que encheu toda sua alma. Podia dizer: "O zelo da tua casa me consumiu." Sua morte foi o completamento de seu auto-sacrifício perfeito. Mas se isso fosse tudo, o sangue de Jesus não diz melhor coisa que a morte de Abel diz, embora possa dizê-lo mais enfaticamente.
O sangue de nosso Senhor diz "melhores coisas que o de Abel;" e que diz ele? Diz: "Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça." "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados." "Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." A voz do sangue é esta: "Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais." "O sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo pecado." Ora, meus irmãos, estas são melhores coisas que o sangue de Abel podia dizer, e são o que o sangue de Jesus fala a cada um sobre quem é aspergido pela fé. Deve ser aplicado a cada um de nós pela fé, ou não nos diz nada. Mas quando cai sobre cada indivíduo crente, diz-lhe palavras de bênção que pacificam sua consciência e deleitam sua alma.
O apóstolo diz que "chegastes ao sangue da aspersão." É assim? Esse sangue da aspersão jamais foi aplicado a vós? Senti-lo? Sois preservados? Sois purificados? Sois trazidos perto de Deus? Sois santificados para o serviço de Deus pelo sacrifício expiatório? Se assim for, então saí, e em firme confiança que nunca pode ser abalada, fazei vossa glória no sangue da aspersão. Dizei a todo pecador que encontrardes que se o Senhor Jesus o lavar será mais branco que a neve. Pregai o sacrifício expiatório do Cordeiro de Deus e então cantai dele. Lembrai-vos daquele cântico tríplice maravilhoso no quinto capítulo do Apocalipse, onde, primeiro de tudo, os anciãos e seres viventes ao redor do trono, cantam um novo cântico, dizendo: "Foste morto, e com teu sangue nos compraste para Deus de toda tribo, e língua, e povo, e nação." Então dez mil vezes dez mil, e milhares de milhares de anjos tomam a melodia e clamam: "Digno é o Cordeiro que foi morto." Nem é isto tudo; pois o apóstolo nos diz: "E ouvi toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Bênção, e honra, e glória, e poder sejam ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro para todo o sempre." Não vedes que todos exaltam o Senhor Jesus em seu caráter sacrificial como o Cordeiro morto? Tenho pouca paciência com aqueles que ousam pôr esta grande verdade no fundo, e até zombar dela ou deturpá-la de propósito. Senhores, se quereis ser salvos deveis ter o sangue de Jesus aspergido sobre vós. Aquele que não crê em Cristo Jesus, em Jesus o sacrifício expiatório, deve perecer. O Deus eterno deve repelir com desgosto infinito o homem que recusa o sacrifício amoroso de Jesus. Visto que se contou indigno deste sacrifício maravilhoso, desta expiação maravilhosa não resta outro sacrifício pelo pecado, e nada para ele senão aquelas trevas eternas e escuridão e trovão que foram prefigurados no Sinai. Aqueles que recusam a expiação que a sabedoria planejou, que o amor proveu, e que a justiça aceitou, assinaram sua própria sentença de morte, e ninguém pode admirar-se de que pereçam. O Senhor nos conduza a gloriar em Cristo crucificado. Amém.