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SERMÃO 34

"O Sangue da Aspersão"

(Segunda Parte)
Hebreus 12:24-25
"Chegastes... a Jesus, o mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhores coisas do que o de Abel. Vede que não rejeiteis ao que fala." — Hebreus 12:24-25

Na primeira parte deste sermão o texto cresceu tanto sobre mim que foi completamente impossível expressar todo o seu significado. Da maneira mais condensada possível expliquei o que se entende por "o sangue da aspersão," e também me estendi sobre a alta posição que este sangue precioso ocupa na dispensação do evangelho; mas fui obrigado a deixar para esta segunda ocasião duas questões práticas que o texto certamente levanta se for cuidadosamente considerado.

A porção doutrinária de nossa meditação foi grandemente abençoada aos nossos corações, pois Deus o Espírito Santo nos refrescou por meio dela: possa ele agora cumprir seu ofício sagrado com poder igual, revelando as coisas de Cristo a nós de uma maneira que cause auto-exame, e nos desperte para dar mais fervorosa atenção que nunca à voz daquele que fala do céu. Nenhum tema pode exceder em valor e excelência o do sangue precioso de Jesus. A menos que o Espírito Santo prepare nossos corações, mesmo com tal tópico como este diante de nós, nada seremos aproveitados; mas se ele nos mostrar estas verdades escolhidas, seremos consolados, vivificados, edificados e santificados por elas.

É uma desvantagem considerável para alguns de vós que não ouviram a primeira parte do sermão; mas espero que a leiam em vosso lazer, e então, se lerdes esta em conexão com ela, todo o assunto estará diante de vós. Não que eu possa expô-lo todo em palavras: apenas quero dizer que estará diante de vós como o oceano está diante de nós quando nos assentamos na praia, ou como os céus estão diante de nós quando contemplamos Arcturus com seus filhos. A linguagem finita falha em transmitir o infinito; e se jamais houve um texto que merecesse ser chamado infinito, é aquele que está agora diante de nós.

Tendo tocado, como com asa de andorinha, a superfície de nosso grande tema sob a primeira divisão do sermão, tenho agora de falar convosco sobre a segunda, que é esta: Onde estamos com referência a este sangue da aspersão? O texto diz: "Chegastes." Não chegamos ao Monte Sinai, mas chegamos ao Monte Sião; aos anjos e seu Deus; aos santos e seu Mediador, e ao sangue da aspersão. Tendo isto tido sua parte de nossos pensamentos, devemos concluir com a questão: Que então? Se chegamos a este sangue da aspersão, que então? A resposta é: "Vede que não rejeiteis ao que fala." Demos às verdades maravilhosas reveladas a nós pelo sacrifício de Jesus a mais fervorosa atenção, para que nossas almas possam ouvir e viver. Possa o Espírito Santo capacitar-nos a ouvir a voz celestial nesta hora! "A fé vem pelo ouvir; possa ela vir neste tempo por nosso reverentemente ouvir a voz do sangue da aspersão!"

II. ONDE ESTAMOS?

Meu negócio sob a segunda parte de meu discurso é responder à questão: ONDE ESTAMOS? Tenho de explicar o que se entende pela expressão que se acha no versículo vinte e dois do capítulo: "Chegastes." Ligai o versículo vinte e dois com este vinte e quatro, e lede: "Chegastes ao sangue da aspersão."

Bem, primeiro, chegastes ao ouvir do evangelho do sacrifício expiatório. Os israelitas deixaram o Egito, e, tendo passado o Mar Vermelho, entraram no deserto, e finalmente chegaram ao monte de Deus, mesmo ao Sinai, aquela montanha terrível. No vale ao redor daquele trono de Deus foram reunidos em seus milhares. Que visão aquela vasta multidão deve ter sido! Provavelmente dois milhões ou mais estavam acampados diante do monte. Então, "O Senhor veio do Sinai, e se levantou de Seir para eles; resplandeceu desde o monte Parã, e veio com dez milhares de santos; da sua destra saía uma lei ardente para eles." Israel agachou-se no vale abaixo, subjugado pela terrível majestade da cena, e sobrecogido pela voz da trombeta que soou do meio da espessa escuridão. O Senhor falou com eles, mas seus ouvidos incircuncisos não podiam suportar sua voz gloriosa, e pediram que Moisés agisse como mediador, e falasse no lugar de Deus.

Vós e eu não chegamos a tal visão terrível nesta hora. Nenhuma montanha tremendo fumega diante de vós, nenhum relâmpago terrível vos apavora, nenhum trovão vos aflige.

"Não aos terrores do Senhor,
A tempestade, fogo e fumaça;
Não ao trovão daquela palavra
Que Deus no Sinai falou:

"Mas chegamos ao monte de Sião
A cidade de nosso Deus,
Onde palavras mais brandas declaram sua vontade,
E espalham seu amor."

Entre as grandes coisas que sois chamados a considerar sob o evangelho está "o sangue da aspersão." Contai-vos felizes por serdes privilegiados a ouvir do modo divinamente designado de reconciliação com Deus. Chegastes a ouvir, não de vosso pecado e sua condenação, não do juízo final e da destruição rápida dos inimigos de Deus; mas do amor aos culpados, piedade pelos miseráveis, misericórdia aos ímpios, compaixão por aqueles que estão fora do caminho. Chegastes a ouvir do grande expediente de sabedoria de Deus, pelo qual ele, pelo mesmo ato e feito, condena o pecado, e deixa o pecador viver; honra sua lei, e ainda assim passa por cima da transgressão, iniquidade e pecado. Chegastes a ouvir, não do derramamento de vosso próprio sangue, mas do derramamento do sangue daquele que, em sua compaixão infinita, dignou-se tomar o lugar dos homens culpados — sofrer, para que não sofressem, e morrer, para que não morressem. Benditos são vossos ouvidos, que ouvem do sacrifício perfeito! Felizes são vossos espíritos, visto que se acham onde a graça livre e o amor sem limites apresentaram uma grande propiciação pelo pecado! Divinamente favorecidos sois para viver onde vos é dito do perdão livremente dado a todos os que crerem no nome do Senhor Jesus, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ouvis nesta hora não lei, mas evangelho; não a sentença de juízo, mas a proclamação da graça. "Vede que não rejeiteis ao que fala." Não é coisa pequena que o reino de Deus tenha chegado tão perto de vós. Despertai para um senso de vosso privilégio: não vos assentais na meia-noite pagã, nem na escuridão papal, nem na neblina judaica; mas o dia raiou sobre vós: não rejeiteis a luz.

Num sentido melhor, indo um pouco mais longe, não apenas chegamos ao sangue da aspersão ouvindo sobre ele, mas chegamos a ele porque o grande Deus agora trata conosco sobre métodos que estão fundados e baseados sobre o sacrifício expiatório de Cristo. Se Deus fosse tratar conosco sobre os termos estabelecidos no Sinai, não precisaria demorar muito em achar as "duas ou três testemunhas" para provar que quebrámos sua lei. Nós mesmos seríamos compelidos a nos declarar culpados; nenhuma testemunha seria requerida. Verdadeiramente, ele não tem tratado conosco conforme nossos pecados. Somos tão falhos que não podemos tirar conforto algum da perspectiva de juízo pela lei; apelamos apenas à misericórdia; pois sobre qualquer outro fundamento nosso caso é sem esperança. "Isto faze, e viverás" é uma aliança que não nos traz raio algum de conforto; pois sua única palavra para nós é aquele raio — "A alma que pecar, essa morrerá."

Pelas obras da lei ninguém pode ser justificado, pois por essa lei somos todos condenados. Lede os Dez Mandamentos, e pausai em cada um, e confessai que o quebrastes ou em pensamento, ou palavra, ou ação. Lembrai-vos de que por um olhar podemos cometer adultério, por um pensamento podemos ser culpados de assassinato, por um desejo podemos furtar. Pecado é qualquer falta de conformidade à santidade perfeita, e essa falta de conformidade é justamente imputável a cada um de nós. Contudo o Senhor não, sob a dispensação do evangelho, trata conosco segundo a lei. Ele não se assenta agora no trono do juízo, mas olha para nós do trono da graça. Não a vara de ferro, mas o cetro de prata, é estendido sobre nós. A longanimidade de Deus governa a era, e Jesus o Mediador é o gracioso Lugar-tenente da dispensação. Em vez de destruir o homem ofensor da face da terra, o Senhor chega perto de nós em condescendência amorosa, e pleiteia conosco por seu Espírito, dizendo: "Tendes pecado, mas meu Filho morreu. Nele estou preparado para tratar convosco de modo de pura misericórdia e graça não misturada."

Ó pecador, o fato de que estás vivo prova que Deus não está tratando contigo segundo justiça estrita, mas em paciência tolerante; cada momento que vives é outro exemplo de longanimidade onipotente. É o sacrifício de Cristo que detém o machado da justiça, que de outro modo deve executar-te. A árvore estéril é poupada porque o grande Jardineiro da vinha, que sangrou no Calvário, intercede e clama: "Deixa-a ainda este ano." Ó meu ouvinte, é através do derramamento do sangue e do reino mediatorial do Senhor Jesus que estás neste momento em terreno de oração e em termos de súplica com Deus! À parte do sangue da expiação estarias agora além da esperança, encerrado para sempre no lugar de condenação. Mas vede como o grande Pai suporta contigo! Está de pé preparado para ouvir tua oração, aceitar tua confissão de pecado, honrar tua fé, e salvar-te de teu pecado através do sacrifício de seu caro Filho.

Através de nosso Senhor Jesus a graça soberana e o amor infinito acham um caminho livre aos mais indigeínos da raça. Através do sacrifício divino o Senhor diz: "Vinde agora, e argui-me: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;" "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo." Assim o rebelde é tratado como filho, e o criminoso como amado. Por causa daquela morte na árvore cruel do Calvário, Deus pode convidar homens culpados a vir a ele, e pode recebê-los ao seio de seu amor. Ó meus caros ouvintes, lembrai-vos disto! Não sou enviado para vos repreender, mas para vos cortejar, não enviado para trovejar contra vós, mas para deixar as gotas suaves purificadoras do coração de Jesus caírem sobre vós. Rogo-vos que não vos desvieis, como os homens bem podem fazer quando as novas são pesadas; mas escutai diligentemente, pois a mensagem está cheia de alegria. Estais agora na casa de oração, dirigidos por um dos embaixadores do Senhor, e as novas são de paz através de uma propiciação que o próprio Deus proveu e aceitou. Não clamamos a vós: "Preparai-vos para vingança;" mas proclamamos: "um Deus pronto a perdoar." Não ameaçamos que ele não mais terá misericórdia de vós; mas vos dizemos que ele espera para ser gracioso. Se tivesse de dizer: "Provocastes-o além do suportável, e ele agora pretende destruir-vos," que homem miserável seria eu! Como poderia trazer tais novas más aos meus semelhantes? Então teria sido ai de mim que minha mãe me deu à luz para tão duro destino. Graças a Deus, não é assim. Em virtude do sangue da aspersão a linguagem do amor sem limites é ouvida entre nossa raça apóstata, e somos suplicados a nos familiarizarmos com Deus, e ter paz.

Não, meu ouvinte, o dia da graça não acabou: não chegaste ao Sinai. Não, ainda não estás condenado além de toda esperança; pois ainda estás ao alcance de Jesus o Mediador. Há perdão. A fonte que foi aberta outrora para o pecado e para a imundícia ainda está aberta. Se pecaste como Davi, se apenas aceitares a aspersão do sangue de Jesus, posso falar-te como Natã falou ao rei culpado, e dizer: "O Senhor tirou o teu pecado; não morrerás." De qualquer modo, Deus está tratando contigo agora em termos de evangelho; ele se assenta em Sião, não no Sinai; pronuncia convites de graça, e não profere a sentença severa da justiça.

Vindo pela Fé ao Sangue da Aspersão

Além disso, há um modo muito mais eficaz de vir ao sangue da aspersão que este — quando pela fé aquele sangue é aspergido sobre nossas almas. Isto é absolutamente necessário: o sangue derramado deve tornar-se para cada um de nós o sangue aspergido. "Como posso saber," diz um, "que o sangue de Cristo está sobre mim?" Confias-te a Cristo? Crês que ele fez uma expiação na cruz; e aventurarás teu destino eterno sobre esse fato, confiando no que Jesus fez, e apenas nisso? Se assim confias, não confiarás em vão. Aplicas teu coração ao sangue precioso de Jesus? Então aquele sangue precioso é aplicado ao teu coração. Se teu coração sangra pelo pecado, traze-o ao coração sangrando de Jesus, e será curado. Mostrei, na primeira parte deste discurso, que o sangue aspergido sobre a verga e as duas ombreiras da porta preservou os israelitas na noite da Páscoa: também te preservará. O sangue aspergido sobre os contaminados os fez cerimonialmente limpos: te purificará. Não tenho citado frequentemente aquelas palavras benditas: "O sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo pecado?" Aquele sangue posto sobre os filhos de Arão os dedicou a Deus; e se for aplicado a ti, te consagrará a Deus, e te tornarás o servo aceito do Altíssimo. Oh, que coisa bendita saber certamente que chegamos ao sangue da aspersão por uma fé verdadeira e humilde! Podes dizer que confias apenas em Jesus para salvação? Podes chamar céu e terra para testemunhar que não tens outra confiança? Então lembra a palavra do Senhor: "Aquele que crê nele tem a vida eterna. Aquele que crê nele não é condenado." "Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus." Não estão estas palavras cheias de forte certeza? De fato, não chegamos ao Monte Sinai, o lugar de tremor; mas a Sião, o lugar que é belo de situação, a alegria da terra; a visão de paz, o lar da bem-aventurança infinita. A consciência não mais troveja contra ti por teus pecados, pois teus pecados se foram. A expiação os cobriu: a aspersão do sangue os removeu todos. Tuas iniquidades são lançadas nas profundezas do mar; Deus as pôs atrás das suas costas. A escritura de dívida das ordenanças que era contra ti Cristo removeu, pregando-a em sua cruz, como um registro no qual não há mais força condenatória. A dívida está paga, a conta está quitada. Quem pode pôr alguma coisa à conta dos eleitos de Deus? Ó amados! é coisa muito bendita vir ao sangue da aspersão.

"Os terrores da lei e de Deus
Comigo nada podem ter que ver;
A obediência e sangue de meu Salvador
Escondem todas as minhas transgressões da vista."

O ato de fé, pelo qual aceitamos e confiamos no Senhor Jesus como nosso Mediador e Sacrifício, é o verdadeiro e eficaz vir ao sangue da aspersão. Que nenhum de nós se esqueça de assim vir! Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, e aqueles que vêm a ele serão conduzidos à salvação plena. Vieste assim? Se não, por que tardas? Ele diz: "Ao que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora." Vem a ele, pois está chamando-te; vem a ele, mesmo como estás agora, e ele te receberá sem falta.

Desfrutando os Benefícios do Sangue da Aspersão

Além disso, vir a este sangue da aspersão significa gratamente desfrutar tudo que nos vem através do sangue da aspersão. Já me intrometi nisto um pouco. Irmãos e irmãs, se chegastes ao sangue da aspersão, crede no perdão pleno que Deus vos deu, e em vossa paz consequente com Deus. É palavra bendita no Credo: "Creio na remissão dos pecados." Credes na remissão dos pecados? Tenho visto alguns dos filhos de Deus que creram em Jesus, mas foi com uma fé que não realizou a bênção plena prometida a ela; pois estavam tão perturbados sobre seus pecados como se nunca tivessem sido perdoados. Ora, um homem que recebe um perdão livre da Rainha, e vai seu caminho da prisão, regozija-se naquele perdão como realidade, e portanto anda em liberdade sem medo. Deveis crer no perdão de Deus como realidade, e agir consequentemente. Se ele vos absolveu por amor de Jesus, então estais absolvidos. Por que tremer como um miserável culpado esperando o veredicto? Por que falar sobre temer a ira divina? Se sois perdoados, o ato de graça está feito, e nunca pode ser desfeito; pois os dons e chamada de Deus são sem arrependimento de sua parte. Sua remissão do pecado é uma clara entrega da prisão, uma súplica segura, uma quitação plena.

"Oh! quão doce ver o fluir
Do sangue expiatório de nosso Senhor,
Com certeza divina sabendo
Que ele fez minha paz com Deus!"

Quero que cada filho de Deus em sua alma mais íntima venha ao sangue da aspersão por plena certeza de sua justificação, e então prossiga para desfrutar acesso constante ao propiciatório, e comunhão com o Senhor Deus. Podemos agora com santa ousadia falar com Deus em oração, pois o propiciatório está aspergido com o sangue. Ó perdoado, não sejas tímido para desfrutar tua liberdade de comunhão! Estás limpo através do sangue, e portanto podes entrar na mais íntima comunhão com o Pai divino; estás consagrado pelo sangue, e portanto podes abundar no serviço de teu Deus. Trata teu Deus como um filho deve tratar um pai, e não sejas tão sobrecogido por sua majestade que fiques abatido e angustiado por causa do pecado passado, vendo que é perdoado. Toma o bem que Deus te provê; desfruta a paz que o sangue te comprou; entra na liberdade que teu preço de resgate te assegurou. Não fiques em sentimentos, e medos, e sonhos; mas vem a este sangue da aspersão, e descansa ali, e sê cheio de alegria e paz através do crer. Com tal resgate achado para ti, não sonhes em descer à cova, mas sobe com alegria ao monte do Senhor, e fica em seu lugar santo.

Sentindo o Efeito Completo em Nossas Vidas

Penso, mais uma vez, que este vir ao sangue da aspersão significa também que sentimos o efeito completo dele em nossas vidas. O homem que sabe que Jesus derramou seu sangue por ele, e teve aquele sangue aplicado à sua consciência, torna-se um homem que odeia o pecado, consagrado àquele que o purificou. "O amor de Cristo nos constrange; porque assim julgamos isto: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou." Creio que não há fonte frutífera de virtude como a fé no sangue precioso de Jesus. Espero que vossa conduta sempre me apoie nesta asserção. Aqueles que são devedores pela salvação ao seu Senhor moribundo devem ser os mais santos dos homens. Vós, pessoas que pensais que ireis ao céu por algum outro caminho que não "o sangue da aspersão" não tendes vínculos seguros para vos prender à santidade. Confiais parcialmente em vossas próprias obras, e parcialmente no que Jesus fez. Bem, não lhe deveis muito, e portanto não o amareis muito, e portanto não vos sentireis obrigados a viver vidas estritas, santas, graciosas. Mas o homem que sabe que seus muitos pecados estão todos lavados através do sangue de Jesus, e que assim é salvo, ele é o homem que servirá ao Senhor com todo o seu coração. Aquele que recebeu uma justiça acabada e salvação completa está sob obrigações sem limites de gratidão, e a força destas obrigações o urgirá a uma vida consagrada. Sobre ele o poder supremo da gratidão exercerá sua influência sagrada, e ele será não apenas cuidadosamente obediente, mas ardentemente zeloso no serviço de seu Redentor. Sabemos que é assim, e pretendemos prová-lo por nossa conduta diária. Irmãos, teria vos exibir mais e mais a influência do sangue precioso em santificar vossas vidas. Não há cristãos que sustentam a doutrina do sangue expiatório, e contudo não são melhores que outros? Ai! é assim. Mas uma coisa é sustentar uma doutrina, e outra coisa é para aquela doutrina tomar posse de vosso coração e influenciar vossa vida. Oh, se crêssemos praticamente o que cremos profissionalmente, que tipo de pessoas seríamos em toda santa conversação e piedade! Ouve-me, meu irmão, e responde aos apelos que te faço como na presença do Senhor. Comprado por sangue; podes viver para ti mesmo? Lavado em sangue; podes contaminar tuas vestes? Marcado com o próprio nome do Rei, no próprio sangue do Rei; como podes render-te a outros governantes? Deus conceda que possamos vir ao sangue da aspersão até que purifique nossa natureza, e nos encha com um entusiasmo todo-consumidor por aquele cujo coração foi traspassado por nós!

Peço-vos, então, que ponhais a questão bem de perto em casa: "Vim a este sangue da aspersão? Se não, por que não deveria vir de uma vez?" Li outro dia uma história imaginária, que descreve a necessidade de olhar bem para este grande negócio. Recebei-a como parábola: Uma filhinha da casa de Israel havia ouvido o mandamento concernente à noite da Páscoa, e enquanto jazia doente em sua cama clamou: "Pai, aspergiste o sangue sobre a verga e as duas ombreiras?" Seu pai respondeu: "Ainda não, minha filha. Será feito." A filha ficou angustiada, e cheia de medo. Depois de esperar um pouco mais, novamente clamou: "Pai, pai, aspergiste o sangue sobre a porta?" Ele respondeu descuidadamente: "Filha, disse a Simeão para aspergi-lo, e não tenho dúvida de que está feito." "Mas, pai," clamou ela, "está perto da meia-noite, e o anjo destruidor logo estará no exterior; tens certeza de que o sangue está sobre a porta? Jeová nosso Deus disse que devemos aspergir o sangue sobre a verga e as duas ombreiras, ou senão o destruidor não passará sobre nós. Pai, tens certeza de que está feito?" O pai passou por cima de sua pergunta: havia estado comendo do cordeiro com seus amigos, e pensou que isto era suficiente; não se importava em dar muita proeminência à ideia horrenda de sangue. Era de mente liberal, e não creria que um Deus misericordioso feriria sua casa por tão pequena omissão. Então sua filha levantou-se de sua cama, tornada forte pelo Deus de Israel. Nada a contentaria até ter estado do lado de fora na rua, e visto por si mesma se a marca salvadora estava sobre a porta da casa de seu pai. Era quase meia-noite, mas pela luz da lua olhou, e nenhuma marca de sangue estava ali! Quão grande foi sua angústia! "Pai," clamou, "apressa-te e traz a bacia." Ali estava, cheia de sangue; pois o Cordeiro Pascal havia sido morto. O pai, a seu pedido, mergulhou o hissopo nela, bateu na verga e nas duas ombreiras e fechou a porta, e ao fazê-lo, chegou a hora da meia-noite. Foram salvos como que pelo fogo. O cuidado obediente e reverência da filha ao Senhor havia afastado a espada do destruidor. Oh, que a santa ansiedade de alguém agora presente operasse a mesma bênção para outras famílias! Pergunta, cara filha, pergunta a questão: "Pai, vieste ao sangue da aspersão? Está o sangue do Cordeiro acima de tua cabeça, entre ti e Deus? Está de ambos os lados de ti, quando entras e sais?" Ó alma, sê assim ansiosa sobre ti mesma, e não descanses até teres pela fé sido purificada com hissopo, e purificada pelo sangue do único sacrifício pelo pecado.

III. QUE ENTÃO?

A última parte de nosso assunto é esta: QUE ENTÃO? Segundo nosso texto, o sangue de Jesus é a voz da nova dispensação. É o sangue que fala, e fala melhores coisas que o sangue de Abel. Que então é nosso dever? Como expressa o apóstolo nossa obrigação? "Vede que não rejeiteis ao que fala."

Teria um quarto de hora de conversa muito quieta convosco, sem excitação ou debate caviloso. Emprestai-me vossos ouvidos, pois falo com todo amor por vossas almas. Quero, caros amigos, que esta grande verdade da expiação que tão frequentemente prego tenha uma audiência justa, e não seja deixada para jazer entre o número de coisas esquecidas.

Não Recuseis por Fria Indiferença

Não rejeiteis a voz de Jesus por fria indiferença. Deus foi feito carne, e habitou entre os homens, e no devido tempo tomou sobre si nosso pecado, e sofreu por ele em seu próprio corpo sobre o madeiro, para que o pecado pudesse ser removido pelo sacrifício de si mesmo. Por sua morte sobre a cruz nosso Senhor fez expiação pelo pecado do homem, e aqueles que creem nele são livrados do mal e suas consequências. O ponto principal é que Jesus morreu por nós, o justo pelos injustos. Seu sangue expiatório tem uma voz: "Vede que não rejeiteis ao que fala." O texto diz: Vede; cuidai; certificai-vos; sede cuidadosos sobre isto. Não percais a salvação de vosso Senhor através de negligência; pois aquele que morre por negligenciar o remédio curativo certamente perecerá como aquele que se apunhala. Sede fervorosos para aceitar o Salvador: rogo-vos que assim façais, pois temo que muitos recusem ao que fala, porque nunca pensam nele, ou em seu sacrifício. Parece-me que se eu fosse um jovem daria a este assunto aviso muito cedo. Por mais profundamente que pudesse estar envolvido em negócios, deveria sentir que minha primeira preocupação deveria ser pôr-me certo com Deus. Outros assuntos certamente cairiam em ordem se eu pudesse estar certo com o Senhor de todos. Se ouvisse dizer que a salvação vem pelo sangue de Cristo, penso que me recomporia e resolveria entender esta declaração singular. Não a deixaria passar por mim, mas me esforçaria para chegar ao fundo dela, e entendê-la praticamente. Meditaria muito sobre ensino tão maravilhoso como este — que o Filho de Deus no lugar do homem honrou a justiça de Deus pela morte, e assim removeu o pecado.

Quando era jovem tinha grande anseio de começar a vida sobre princípios certos: ansiava achar livramento do pecado. Acordaria com o sol no tempo de verão para ler minha Bíblia, e livros como "Grace Abounding" de Bunyan, "Call to the Unconverted" de Baxter, "Alarm" de Alleine, e "Rise and Progress of Religion in the Soul" de Doddridge. Nestes livros tentei soletrar o caminho da salvação; mas a coisa principal que ansiava saber era: "Como pode o homem ser justo com Deus? Como pode Deus ser justo com o homem, e ainda assim remover seu pecado?" Não pensais que estas questões são de alta importância? Rogo que não tenham o ombro frio de vós. Dai a esta questão devido espaço. Sei que muitas coisas demandam vossa atenção hoje em dia; mas reclamo para esta, que é a revelação mais íntima de Deus, que deveria ter uma audiência cedo e fervorosa. Deus encarnado em Cristo Jesus sangrando e morrendo pelo pecado humano é uma maravilha de amor grande demais para passar sem pensamento. Rogo-vos, portanto: "não rejeiteis ao que fala." Não digais: "Rogo-te, tem-me por escusado." Não suponho que vos tornareis infiéis ou agireis como blasfemadores para com esta grande verdade. Não vos acusarei de negar o fato da expiação; mas meu grande temor é que sejais indiferentes a ela. Se é assim, que o próprio Deus veio à terra para sangrar e morrer para salvar o homem culpado, são as maiores, mais alegres novas que jamais vieram à nossa pobre raça errante, e cada membro daquela raça deveria recebê-las com atenção esperançosa.

Não Recuseis por Preconceito

Quando resolverdes estudar a doutrina, não a abordeis com preconceito através de má apreensão. Aqueles que odeiam o evangelho de Cristo estão muito ocupados em caricaturar a doutrina da expiação. Afirmam que pregamos que Deus não era misericordioso por natureza, mas precisava ser aplacado pelo sangue de seu próprio Filho. Acusam-nos de dizer que Jesus por sua morte fez Deus amoroso. Ensinamos distintamente o oposto exato daquela declaração. O que dizemos é isto, que Deus é infinitamente amoroso — que, de fato, Deus é amor; mas que o amor não o faz ser injusto ou não santo; pois isso no fim não seria amor. Deus é o Juiz de toda a terra, e deve fazer o que é certo. O Senhor, como o grande governador moral, se faz uma lei, e ameaça uma penalidade, deve executar aquela penalidade, ou senão sua lei perderá sua autoridade. Se a penalidade ameaçada não for executada, há um reconhecimento tácito de que foi ameaçada em erro. Podereis crer num Deus falível? O Senhor fez uma lei que é perfeita, e justa, e boa. Preferiríeis estar sem lei? Que pessoa razoável deseja anarquia? Ele apoiou aquela lei com uma ameaça. Qual é o uso de uma lei se quebrá-la não envolve consequências más? Um governo que nunca pune ofensores não é governo algum. Deus, portanto, como governante moral, deve ser justo, e deve mostrar sua indignação contra o mal e maldade de cada tipo. Está escrito na consciência dos homens que o pecado deve ser punido. Queríeis que fosse impune? Se sois homem justo, não o quereríeis. Para atender ao caso, portanto, o Senhor Jesus Cristo, por si mesmo suportando a penalidade da morte, honrou a lei divina. Mostrou a todas as inteligências que Deus não piscará para o pecado, que mesmo sua misericórdia infinita não deve entrar no caminho de sua justiça. Esta é a doutrina: não escuteis aqueles que a torcem e pervertem. É o amor de Deus que proveu a grande expiação pela qual, num juízo melhor que o nosso, a lei acha vindicação gloriosa, e o fundamento do governo moral é fortalecido. Considerai este assunto, e julgai-o justamente, com mentes cândidas. Asseguramo-vos da Palavra de Deus que à parte da expiação de nosso Senhor Jesus nunca podereis ser salvos ou da culpa ou do poder do mal. Não achareis paz para vossa consciência que valha a pena ter, nenhuma paz cabal e profunda, exceto crendo neste sacrifício expiatório; nem encontrareis um motivo forte o bastante para resgatar-vos dos laços da iniquidade. Portanto "Vede que não rejeiteis ao que fala." Ouvi, e vossa alma viverá. Cavilai, e morrereis em vossos pecados.

Não Recuseis o Princípio da Expiação

Não rejeiteis a voz do Senhor Jesus rejeitando o princípio da expiação. Se Deus está contente com este princípio, não nos cabe levantar objeção. O Senhor Deus está infinitamente mais preocupado em fixar assuntos sobre fundamento certo que jamais podemos estar, e se ele sente que o sacrifício de Jesus atende ao caso em todos os pontos, por que deveríamos estar insatisfeitos com ele? Se houvesse uma falha nos procedimentos seus olhos santos a veriam. Nunca teria entregado seu próprio Filho para morrer a menos que aquela morte cumprisse perfeitamente o desígnio intentado por ela. Um erro tão caro nunca teria perpetrado. Quem sois vós para levantar a questão? Se Deus está satisfeito, certamente deveríeis estar? Recusar a expiação porque somos sábios demais para aceitar método tão simples de misericórdia é a altura máxima da loucura. Quê! rejeitareis ao que fala porque a fase presente da loucura humana ousa disputar o modo divino de redenção humana? Rogo-vos, não façais assim.

Não Recuseis Preferindo Vosso Próprio Caminho

Mais uma vez. Não rejeiteis esta voz de misericórdia preferindo vosso próprio caminho de salvação. Tendes, sem dúvida, um caminho de salvação em vossa própria mente, pois poucos homens desistiram de toda esperança. Talvez vossa esperança escolhida seja que sereis salvos fazendo o melhor possível. Ai! nenhum homem faz o melhor possível; e os melhores atos de um rebelde devem ser inaceitos de seu rei. Enquanto for rebelde seus atos são os de rebelde, e de nenhuma estima com seu príncipe. Talvez vossa esperança jaza em dizer tantas orações, e ir à igreja, ou frequentar capela; ou sois tão insensatos que confiais num ministro ou sacerdote. Ora, suplicamo-vos, ouvi o testemunho de Deus que ele nos deu neste livro, e aprendei que outro fundamento nenhum homem pode pôr além daquele que está posto, que é Jesus Cristo o justo. Há uma salvação, e não pode haver outra; todas as outras esperanças são vaidades mentirosas, e insultos arrogantes a Jesus. Deus pôs a Cristo como propiciação pelo pecado. Não há outra propiciação, ou expiação, ou caminho de aceitação; e se rejeitardes este caminho, deveis morrer em vossos pecados.

Não posso evitá-lo se não gostais deste ensino, embora ficarei pesaroso se o rejeitardes. Posso apenas dizer-vos a verdade, e deixá-la com vossos próprios corações. Não a rejeiteis voluntariamente. Quando vos encontrar face a face naquele último dia, ao qual todos devemos vir, não estarei limpo de vosso sangue a menos que vos diga o que é certamente a verdade — que no sangue precioso de Cristo está a única purificação do pecado, e a única aceitação com Deus. Crendo em Jesus, como morto por vós, sereis salvos; mas façais o que fizerdes, oreis como orardes, jejueis como jejuardes, deis esmolas como derdes, não entrareis no céu por qualquer outra estrada. O caminho à glória é pelo caminho da cruz. "Sem derramamento de sangue não há remissão." Olhai para aquele que traspassastes, e lamentai por vossos pecados. Não olheis para qualquer outro, pois nenhum outro é necessário, nenhum outro é provido, nenhum outro pode ser aceito. Jesus é o único mensageiro da aliança da vida e paz. "Vede que não rejeiteis ao que fala."

A Escolha Está Diante de Vós

"Vede que não rejeiteis." Então há uma escolha sobre isto. Se nunca tivésseis ouvido o evangelho, não poderíeis tê-lo rejeitado; mas agora que ouvistes a mensagem, jaz dentro de vosso poder, e é um poder terrivelmente perigoso, rejeitar ao que fala. Oh, podeis, quereis, ousareis rejeitar meu Salvador sangrando — rejeitar o Senhor do amor? Vejo-o agora. A coroa de espinhos está ao redor de sua testa. Está pendendo em sua cruz expirando em dores indizíveis! Podeis rejeitá-lo enquanto apresenta tal espetáculo de sacrifício? Seus olhos estão vermelhos de choro; não tendes lágrimas para tal tristeza? Suas faces estão todas manchadas com o cuspo dos soldados brutais: não tendes amor e homenagem para ele? Suas mãos estão pregadas ao madeiro — seus pés o mesmo: e ali pende para sofrer no lugar do pecador. Não vos rendereis a ele? Poderia alegremente curvar-me diante daquele pé da cruz para beijar seus caros pés manchados de sangue. Que encanto tem para mim! E vós — rejeitais-lo?

Ele não é mero homem. É o próprio Deus que pende na cruz. Seu corpo é o de homem, mas está em união com a Divindade. Aquele que morreu no Calvário é Deus sobre todos, e isto torna sua morte tão eficaz. Aquele a quem ofendestes, para ser justamente capaz de perdoar-vos, pende ali e morre por vós: e virais as costas para ele? Ó senhores, se fordes sábios vireis, como disse que desejaria vir, e beijar aqueles pés sangrando, e olhar para cima e dizer: "Meu Senhor, estou reconciliado contigo — como poderia ser de outro modo? Minha inimizade está morta. Como posso ser inimigo daquele que morreu por mim? Em vergonha, e escárnio, e miséria, Jesus morre para que eu possa viver. Ó Senhor Jesus, operaste em mim, não apenas reconciliação, mas submissão plena e amor cordial. Alegro-me em mergulhar-me em ti, e ser teu para sempre."

Vede que não rejeiteis meu Senhor. Possa o doce Espírito que ama a cruz, e, como pomba, paira ao redor dela agora, descer sobre todos vós que ouvis minha mensagem! Possa o Espírito Santo aplicar o sangue da aspersão a vós; e possais sentir que, em vez de rejeitar ao que fala, vos regozijais em seu nome!

Quando o texto diz: "Vede que não rejeiteis," tacitamente e suplicantemente diz: "Vede que o aceiteis." Caros ouvintes, confio que recebereis meu Senhor em vossos corações. Quando lemos de rejeitar, ou receber, percebemos uma ação da vontade. Jesus deve ser voluntariamente recebido: não se forçará sobre homem algum. Quem quer que aceite Jesus é ele mesmo aceito de Jesus. Nunca houve um coração disposto a recebê-lo a quem Jesus negou a si mesmo. Nunca! Mas deveis estar dispostos e obedientes. A graça opera isto em vós; mas em vós isto deve estar. Até o coração entreter Jesus alegremente nada está feito. Tudo que fica aquém de uma audiência voluntária de Jesus, e uma aceitação voluntária de sua grande expiação, fica aquém da vida eterna. Dizei, tereis este Salvador, ou declinareis seu amor? Dar-lhe-eis uma recusa fria? Oh, não façais assim; mas, pelo contrário, abri de par em par as portas de vosso coração, e implorai a vosso Senhor e Salvador que entre.

Não me admiro que os israelitas pedissem que não mais ouvissem a voz do trovão do topo do Sinai; era terrível demais para ouvido humano; mas não tendes tal desculpa se rejeitardes ao que fala; pois Jesus fala em notas mais doces que música, mais ternas que canção de mãe ao seu bebê. Deixai-me lembrar-vos, que costumava dizer: "vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas." Declarou que toda maneira de pecado e de blasfêmia seria perdoada aos homens. Ficou de pé e clamou, no último dia da festa: "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba." Não vos estou contando fábulas; pois Cristo, que nasceu em Belém e morreu no Calvário, por seu próprio sangue que derramou por muitos, vos assegura que há perdão para cada homem de vós que, confessando seu pecado, vier e puser sua confiança nele.

"Vede que não rejeiteis ao que fala;" pois embora ouçais apenas minha pobre voz fraca pleiteando convosco, com um coração honesto, amoroso por trás dela, contudo Deus o Espírito Santo está falando, e o próprio Jesus Cristo está falando a vós. Rejeitai-me se quiserdes, mas não rejeiteis meu Senhor. O sangue de Jesus diz: "Fui derramado pelos culpados. Fui derramado para manifestar amor divino. Sou aspergido para purificar do pecado." Cada gota ao cair cria paz de coração. Ficai onde aquele sangue está caindo. Deixai que vos aspergue.

Assim o sangue fala. Não respondereis: "Senhor, vimos a ti, pois nos atraíste. Tuas feridas feriram nossos corações. Tua morte matou nossa inimizade. Asperge-nos a ti mesmo. Orvalha-nos com teu sangue. Sejamos aceitos no Amado?" Amém. Assim possa Deus ouvir-nos!

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